Jornal denuncia exploração em fábrica de uniformes Adidas

Segundo publicação inglesa, operários sofrem agressões, chegam a trabalhar 65h por semana e ganham salário equivalente a R$ 1,03 por hora

Equipe britânica com os uniformes que, segundo denúncia, foram feitas por operários explorados | AFP
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A promessa era de que os Jogos Olímpicos de Londres seriam os mais ?éticos? da história. Mas uma investigação publicada neste sábado pelo jornal inglês ?The Independent? pode macular a tentativa dos organizadores. Segundo o periódico, os uniformes de atletas e voluntários britânicos são fabricados por operários que sofrem agressões, trabalham por 65h na semana e recebem, no máximo, R$ 1,03 por hora. As nove fábricas acusadas de exploração, na Indonésia, foram contratadas por uma das patrocinadoras oficiais do evento.

A marca esportiva alemã, dona da produção, espera ganhar 100 milhões de libras (aproximadamente R$ 290 milhões) com as peças olímpicas. Longe das astronômicas cifras lucrativas, diversos operários relatam que são submetidos a agressões e castigos quando não cumprem os objetivos estabelecidos pelos chefes. Alguns chegam a ser trancados em salas e ficam horas em pé, como forma de punição. Outros contam que fazem hora-extra obrigatória, e às vezes não conseguem nem ir ao banheiro.

- É difícil conseguir permissão para ir ao banheiro. Se você é realmente obrigada a ir, a pilha de trabalho fica tão grande que o líder da linha de produção te chama de cachorra, sem cérebro, sem educação... Às vezes nós deixamos de almoçar para atingirmos os objetivos ? diz Yuliani, uma costureira de 23 anos de idade.

Os abusos físicos mais comuns, segundo os trabalhadores, são tapas, beliscões nas orelhas e até agressões com os próprios tênis da linha de produção, como revela Ratna, outra empregada das fábricas da Adidas.

- Se o chefe da produção fica muito irritado, ele joga o tênis em direção aos trabalhadores. Uma vez, na minha linha, eu vi um operário ser atingido por um tênis - revela.

Revoltados, 10 trabalhadores decidiram se unir para tentar reivindicar seus direitos. Acabaram suspensos por um mês e, mais tarde, foram demitidos.

Em nota, a Adidas afirmou que apenas uma das fábricas pagava menos que o obrigatório, e que funcionários que trabalham excessivamente são ?uma exceção, e não a regra?. Segundo o comunicado, a empresa sabia de casos isolados de perseguição e abusos, mas ficou ?perturbada? com a denúncia de trabalhadores sendo trancados por não atingirem as metas.

A comissão responsável por monitorar as práticas éticas relacionadas aos Jogos-2012 disse que está ?muito preocupada? com as infrações. Já o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres também emitiu nota lamentando o episódio, o qual classificou como ?extremamente sério?.

- Nós conversamos com a Adidas e eles nos garantiram que estão investigando as denúncias, e as conclusões serão divulgadas publicamente.

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