O jornal espanhol “Marca” lançou uma série especial para homenagear os mortos na tragédia com o voo da Chapecoense, que caiu no dia 29 de novembro de 2015, na Colômbia. Nesta sexta-feira, o diário publicou cartas de duas viúvas de atletas mortos na queda: Letícia Padilha, esposa do goleiro Danilo, e Bárbara Calazans, de Ananías.
Ao todo, 11 viúvas terão suas histórias contadas pelo jornal. Todos os relatos são em primeira pessoa e dão ideia do drama que as famílias viveram após o acidente aéreo que matou 71 pessoas e deixou apenas seis sobreviventes. O voo fretado da LaMia caiu por falta de combustível na cidade de Río Negro, próximo a Medellín, onde o time enfrentaria o Atlético Nacional na final da Copa Sul-Americana.
"Ninguém está preparado para suportar tanta dor, muito menos na situação em que perdemos Danilo. Era um momento de felicidade para todos. Para ele, para mim, para nosso filho, para a Chapecoense. Vivemos diariamente porque respiramos, mas a sensação de estar vivos não nos tira a dor que nossas almas têm impregnada pela falta desse ser maravilhoso. Eu não entendo por que ele não está ao nosso lado nesse momento. Essa ligação de vocês tinha que ter sido feita para ele, para que ele pudesse lhes contar as coisas que fazia como goleiro da Chape, para contar como entrou no coração da torcida. Danilo foi grande, um campeão", diz Letícia, que ainda conta sobre o dia a dia com perguntas do filho do goleiro.
"Cada dia espero que ele chegue em casa. Ainda não acredito no que aconteceu. O mais difícil é escutar Lorenzo falando do pai: 'Mãe, olha a roupa do papai'; 'mãe, esse é o carro do papai'. Assim, várias vezes, quando ele está vendo uma partida, se emociona pensando em Danilo. Há uns dias, quando estava chovendo, ele me disse: 'mãe, papai está no céu'. O resumo de todo esse sofrimento se faz em uma pequena reflexão de Lorenzo, com seus dois anos, que me pede uma explicação, uma resposta a sua pergunta: 'mamãe, por que o papai joga fora sempre?".
A mulher de Ananías também fala da dificuldade em seguir a vida sem o marido, ao lado do filho pequeno, Enzo.
"A dor que me acompanha é a mesma sentida por Enzo, que sempre teve o pai muito presente, um companheiro para todas as horas. Ele ama muito o pai e sofre com muita saudade. As recordações que ficam dele me fazem chorar e sorrir ao mesmo tempo, pela a saudade de sua partida inesperada, mas também pelo amor que vivemos que me traz alegria recordar. Tento transformar a dor que sinto em força para seguir adiante. Tenho Ananías como um grande exemplo para conseguir", afirma.