Josep Maria Bartomeu não é mais presidente do Barcelona. Após reunião de emergência com o Conselho Administrativo do clube, realizada na tarde desta terça-feira, ele decidiu deixar o cargo junto com os outros membros da diretoria.
A decisão foi tomada após a diretoria entrar em um consenso de que não seria possivel realizar a votação sobre o futuro de Bartomeu no cargo em segurança em meio à pandemia. A moção de censura contra ele estava marcada para o próximo final de semana, mas o clube alegou que não seria viável, diante dos riscos ao sócios. A média do eleitorado é de 58 anos e a Europa enfrenta uma segunda onda de contágios de Covid-19.
O presidente teria insistido com o governo da Catalunha pelo adiamento da votação, mas não obteve sucesso. Com isso, se viu sem saída e propôs aos diretores sua demissão. A proposta foi aprovada sem discussão.
"É uma decisão considerada por todos. Esta manhã recebi a resposta da Generalitat, e ela é clara: O Governo da Generalitat reitera que não existem impedimentos jurídicos à realização do voto de censura. Isso significa que eles exigem que a votação seja descentralizada. Não mencionam nossa proposta de ter 15 dias de margem para podermos garantir as medidas de segurança necessárias", explicou Bartomeu em pronunciamento no qual confirmou o desligamento.
Com a saida da diretoria, o Barcelona será comandado por uma junta administrativa liderada por Carles Tusquets, presidente da Comissão Econômica do clube. Ele terá de 40 a 90 dias para convocar novas eleições.
Bartomeu vinha sofrendo pressão desde a crise entre Messi e Barcelona. O processo que poderia resultar na destiuição do cargo de presidente colheu mais de 20 mil assinaturas.
"Sugeriram que estávamos escondendo coisas e que tínhamos medo. Tudo falso. Dizem que tenho uma grande capacidade de resiliência, mas o que tenho é muita experiência. Sempre defendi que a nossa autocrítica nos fortalece, e o que vivemos nos últimos meses ultrapassou o limite. Fui insultado e ameaçado, como todos os membros do conselho", prosseguiu Bartomeu, que anunciou o cumprimento dos requisitos para adesão a uma futura Super Liga Europa como seu último ato:
"Foi uma honra servir ao clube como administrador e como presidente. Tentei assumir o cargo com responsabilidade e honestidade. Espero que nos próximos dias seja encerrado o reajuste salarial do elenco e dos funcionários. Se isso não for feito, pode haver graves consequências para o clube. Esperançosamente, há um acordo de todas as partes. Posso anunciar que ontem aprovamos os requisitos para fazer parte de uma Super Liga Europeia. A decisão de jogar a competição deve ser ratificada pela próxima Assembleia. Podemos dizer com orgulho que somos o melhor clube do mundo em valor".
O empresário de 57 anos encerra um ciclo de seis anos no comando do Barcelona. Bartomeu chegou ao cargo de presidente após a renúncia de Sandro Rosell, em 2014. No ano seguinte sua posição foi ratificada por meio de eleições.
O mandato de Bartomeu se encerraria em junho de 2021, mas ele mesmo tinha aprovado a antecipação das novas eleições para março do ano que vem.