A juíza Aline Maria Leporaci Lopes, do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, decidiu nesta segunda-feira afastar Rogério Caboclo da CBF por um ano. Na decisão, a magistrada aceitou o pedido do Ministério Público do Trabalho e impediu o ingresso e a permanência do cartola na entidade até setembro de 2022.
Na decisão liminar, o TRT do Rio determinou uma multa de R$ 500 mil por dia caso a CBF ou Caboclo desobedeça a decisão. Desde junho, quando foi acusado por assédio sexual e assédio moral por uma funcionária da entidade, o dirigente, que nega as acusações, está fora da CBF por decisão da Comissão de Ética.
Depois do afastamento provisório, o órgão suspendeu Caboclo por 15 meses. Pela decisão, que precisa ser ratificada pela Assembleia Geral da CBF - composta pelos 27 presidentes de federações estaduais -, o dirigente poderia voltar à entidade em setembro de 2022, antes do fim do seu mandato, em abril de 2023.
Proteger funcionários
Segundo a juíza, Caboclo deve ser afastado da entidade como forma de proteger os funcionários que denunciaram o dirigente. Depois da primeira denúncia, outras duas mulheres afirmaram ter sido vítimas de assédio sexual de Rogério Caboclo.
Como empregadora da funcionária, é a CBF a investigada. No comunicado de abertura de investigação, o MPT lembra que violência e assédio, segundo convenção da Organização Internacional do Trabalho, "são intoleráveis no ambiente de trabalho" e geram danos físicos, psicológicos, sexuais ou econômicos para a vítima.
"Condutas ilícitas e repugnantes".
Um outro funcionário apresentou denúncia contra o cartola por assédio moral. Nela, o diretor de Tecnologia da Informação da CBF, Fernando França, afirma que Rogério Caboclo praticou "condutas ilícitas e repugnantes".
O diretor afirmou ainda que foi "injuriado, difamado e sofreu agressões ameaçadoras, o que, sem dúvida, caracteriza abuso de poder e afronta ao princípio da moralidade". Ainda de acordo com Fernando França, Caboclo pediu a ele que "grampeasse, monitorasse, quebrasse sigilo fiscal" da funcionária que fez a primeira denúncia de assédio.
A investigação busca verificar como são as relações entre diretores, demais superiores, vice-presidentes e o presidente, Rogério Caboclo - alvo das denúncias - e suas funcionárias. A investigação se debruçará sobre suspeitas de assédio sexual, mas pode ser estendida a situações de assédio moral, dependendo do relato das testemunhas.
Desde o dia 25 de agosto, a CBF é comandada por Ednaldo Rodrigues, ex-presidentes da Federação Bahiana de Futebol.