Lipe em ação na quinta etapa do Open (Créditos: William Lucas/Inovafoto/CBV)
Ver Lipe em ação te faz sentir vontade de jogar também. É tanto amor, entrega e garra durante uma partida de vôlei de praia que você tem a certeza absoluta de que aquilo é a melhor coisa que tem para fazer na vida. E é bem isso mesmo. É esse o sentimento de Francisco Felipe Martins Rodrigues, de 37 anos, 1,94m e 100kg, cada vez que entra em uma quadra de areia.
É claro que o esporte é sua paixão, mas o sentimento vem de algo ainda mais profundo. Segundo Lipe, o vôlei foi o responsável por salvar sua vida. Tudo começou em um momento profundamente triste, quando o atleta tinha 17 anos.
“No dia 2 de fevereiro de 2000 fui visitar a minha mãe, que estava internada, e um primo me avisou de uma peneira de vôlei. A minha mãe escutou e disse para eu ir, que queria me ver um atleta de vôlei profissional. No dia seguinte, quando voltei para visitar, ela tinha faclecido. Logo depois vi minha vida passar por riscos enormes. Mesmo assim fui fazer a peneira e passei. Posso afirmar que o vôlei salvou a minha vida”, disse Lipe.
A oportunidade maior veio através de Virgílio Pires, na época presidente da Federação Cearense de Voleibol e hoje superintendente de Vôlei de Praia da Confederação Brasileira de Voleibol.
“Tenho um sentimento de gratidão enorme. Eu só estou aqui porque o esporte salva vidas. E o Virgílio foi fundamental para isso. Onde todo mundo via um atleta comum, ele via um potencial. Foi ele que me levou para o vôlei de praia. Quando lançaram um projeto no Ceará, os técnicos escolheram os melhores do estado, atletas grandes, novos, ele falou que eu iria ser um atleta de alto rendimento”, relembrou Lipe.
Na ocasião, eram 15 garotos na disputa pelas vagas no teste e Lipe era o 16º convidado. “Fui com a cara e a coragem, acreditrando que ia dar certo e deu. De todos aqueles, só eu continuo no esporte”, disse um obstinado Felipe.
Aliás, não só continua, como disputa o principal campeonato do país: o Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia Open. Na última etapa realizada em 2020, a quinta do circuito, Lipe e seu parceiro, Rafa, ficaram na quinta posição entre as 24 duplas participantes.
“Sempre agradeço pela oportunidade que tive de sair de uma vida perigosa e me tornar um atleta. Acho que fica como exemplo para algumas pessoas que reclamam demais da vida e que não enxergam as oportunidades que aparecem. Vários amigos se foram porque não tiveram a chance que eu tive. Posso dizer que hoje estou vivo por causa do vôlei de praia”, concluiu Lipe.