Luta entre Sonnen e Silva obstrui outros grandes nomes do UFC

Carreiras e provocações entre pesos-médios justificam expectativa em evento que tem outros quatro brasileiros e despedida de Tito Ortiz do MMA

Anderson Silva e Chael Sonnen na pesagem de sexta-feira: tensão no ar entre os dois rivais | AP
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Finalmente chegou o momento. Quase dois anos depois, após muitas declarações polêmicas e desrespeitosas e momentos de tensão, Anderson Silva e Chael Sonnen vão se reencontrar e resolver suas diferenças dentro do octógono, neste sábado, no UFC 148, na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas. A rixa pessoal e profissional que permeia o evento principal "engoliu" um card repleto de lutadores de alto nível, incluindo um tira-teima de uma das maiores rivalidades da história do esporte e a despedida de uma das lendas do Ultimate, Tito Ortiz, recebendo o status de "luta do século". Apesar de os detratores de ambos os competidores discordarem da alcunha, as carreiras dos dois pesos-médios e toda a dinâmica desenvolvida entre os dois justificam a expectativa.

A longa jornada de Anderson Silva como campeão dos pesos-médios do UFC torna qualquer uma de suas lutas um evento especial. A cada vitória, o Spider amplia seus recordes de invencibilidade na franquia, atualmente em 14 lutas - 15 se contar sua última derrota em outra organização, em 2006, por desclassificação - e de defesas de cinturão bem sucedidas, de nove. Em todo esse período, Chael Sonnen foi o homem que chegou mais perto de derrotá-lo - e quão perto. Em agosto de 2010, no UFC 117, o americano botou o brasileiro para baixo inúmeras vezes e dominou usando sua especialidade, o wrestling, por mais de quatro rounds. No quinto, porém, Spider aproveitou um momento de distração para encaixar um estrangulamento por triângulo e finalizar Sonnen, numa das viradas mais espetaculares da história do esporte.

Anderson sempre lembra que lutou com dores - sofreu uma lesão na costela e por muitas vezes parecia deixar a guarda baixa para não levar golpes na região - mas o bom desempenho de Sonnen tanto no wrestling como na luta em pé provou que o americano não era um lutador de um truque só. Apesar de os fãs do brasileiro alegarem que ele só recebeu a chance de desafiar o cinturão pelas incessantes provocações ao rival e seu país - o que, em parte, é verdade - Chael Sonnen vem mostrando há anos que está entre os melhores do mundo na categoria. Ele já disputou cinturões no UFC e WEC. Seu cartel tem 11 derrotas e um empate em 39 lutas, contra apenas quatro derrotas do Spider em 35 combates, mas muitas delas foram na categoria de cima, peso-meio-pesado. Desde que passou a lutar com um limite de 84kg, foram quatro derrotas e 13 triunfos. O "gângster americano", como se auto-apelidou, venceu cinco lutas desde seu retorno ao UFC, todos contra lutadores de alto nível como Nate Marquardt, Brian Stann e Michael Bisping.

As provocações de Sonnen, porém, certamente eclipsam sua qualidade como lutador. Antes da primeira luta, o americano já tinha dito que os irmãos Nogueira, mestres de jiu-jítsu de Anderson Silva, não valiam nada e que o costume do Spider de se curvar em respeito ao adversário o faria ser assaltado no Brasil. Após a devastadora derrota no UFC 117, o falastrão elevou seus ataques a outro nível. Passou a disparar contra diversos lutadores brasileiros, como Lyoto Machida, Vitor Belfort e Wanderlei Silva; ironizou via Twitter o problema do país com o tráfico de drogas ("Em São Paulo, eles chamam "brunch" de cocaína", escreveu) e se defendeu dizendo que "não sabia que havia internet no Brasil". Após sua vitória sobre Brian Stann, em seu retorno após a derrota para Anderson, o xingou ainda no octógono. Dias depois, disse que invadiria a casa do rival e daria um tapa na bunda de sua esposa. A mídia, sempre sedenta por aspas polêmicas, o abraçou, e Sonnen logo se tornou o queridinho dos americanos e o maior vilão esportivo do povo brasileiro desde Alain Prost.

O falatório parece ter afetado o normalmente calmo e monossilábico Anderson Silva. Nas últimas duas semanas, o campeão dos pesos-médios inverteu os papéis e partiu para o ataque, prometendo "arrancar todos os dentes" e quebrar todas as articulações do arquirrival. Na coletiva de imprensa e na pesagem oficial do evento, o Spider partiu para cima de Sonnen na tentativa de intimidá-lo antes da luta, da mesma forma que fez contra Vitor Belfort, seu desafeto pessoal. O combate contra o "Fenômeno" também foi vendido como a "luta do século". Na ocasião, Anderson venceu no primeiro round, com um espetacular chute alto no queixo que nocauteou o "Fenômeno" rapidamente. O que o Spider fará desta vez, que está 100%?

- Acabou a brincadeira, vocês não estão entendendo o que vai acontecer. O Chael, em outras palavras, está ferrado. Eu vou bater nele, ele vai tentar me agarrar, eu vou bater nele de novo, e ele vai desistir. Eu acho que a luta vai acabar no primeiro round. Não tem jogo nenhum. Acabou a brincadeira. Pode continuar falando bobagem, mas sábado as coisas vão mudar. Muita coisa vai mudar - prometeu Anderson Silva.

Quatro brasileiros e uma despedida

O clima em Las Vegas é de Brasil x Sonnen, mas o país tem muito mais representantes no UFC 148 do que apenas Anderson Silva. No card principal, Demian Maia, ex-vítima do Spider, estreia no peso-meio-médio contra Dong Hyun Kim. No card preliminar, Gleison Tibau enfrenta o russo Khabib Nurmagomedov; Fabrício "Morango" Camões encara o americano Melvin Guillard; e Rafaello "Trator" Oliveira luta contra o cubano Yoislandy Izquierdo. Todos eles esperam aproveitar o apoio das centenas de brasileiros que foram a Las Vegas assistir ao evento para crescer em seus combates e derrotar seus adversários.

O co-evento principal destaca um lutador que fez algumas "lutas do século" em sua carreira: o americano Tito Ortiz, que faz sua despedida do octógono após 15 anos no Ultimate. O ex-Bad Boy de Huntington Beach já foi o maior astro da companhia, apesar de inúmeras brigas com seu presidente, Dana White, e detém o recorde de defesas de cinturão bem sucedidas na categoria meio-pesado, cinco. Suas lutas contra Ken Shamrock, Randy Couture e Chuck Liddell marcaram época. A rivalidade com o compatriota Forrest Griffin, seu adversário deste sábado, também ficará marcada em sua trajetória. Os dois se enfrentaram duas vezes, com uma vitória para cada lado, ambas lutas memoráveis vencidas por decisão dividida dos jurados. Com apenas uma vitória nos seus últimos oito combates, Ortiz vai entrar com tudo para "ter sua mão levantada" uma última vez.

Confira a programação completa do evento:

CARD PRINCIPAL


Anderson Silva x Chael Sonnen


Forrest Griffin x Tito Ortiz


Cung Le x Patrick Côté


Dong Hyun Kim x Demian Maia


Chad Mendes x Cody McKenzie


Ivan Menjivar x Mike Easton

CARD PRELIMINAR


Gleison Tibau x Khabib Nurmagomedov


Melvin Guillard x Fabrício "Morango" Camões


Costa Philippou x Riki Fukuda


John Alessio x Shane Roller


Rafaello Oliveira x Yoislandy Izquierdo

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