Lutadora piauiense acumula medalhas em campeonatos nacionais

Lutadora piauiense acumula medalhas em campeonatos nacionais

Isabel Cristina Soares, de 19 anos | José Alves Filho
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A lutadora de jiu-jítsu Isabel Cristina Soares, de 19 anos, é destaque no esporte em âmbito nacional. Moradora do bairro Dirceu, zona sudeste de Teresina, Bel – como é apelidada carinhosamente por amigos e admiradores – já conquistou muitas medalhas nas competições por onde passou, obtendo destaque internacional.

“Meu foco não é somente aqui no estado, é mais pra fora, em campeonatos maiores”, diz a atleta. Bel coleciona medalhas, e as principais são as que representam as conquistas mundiais da campeã: um ouro – conquistado em 2009, quando ainda era faixa amarela – e três medalhas de prata, conquistadas nos mundiais de 2010, 2011 e 2012.

Agora, com a faixa roxa na cintura, Bel vai disputar esta semana, dos dias 14 a 17 de agosto, o mundial da Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu Esportivo (CBJJE) em São Paulo. “Acredito que eu seja a faixa roxa mais nova de Teresina”, diz.

Para Isabel, representar o Dirceu em nível mundial lhe traz altivez. “É um orgulho representar o Dirceu pelo fato de ter vivido minha vida inteira no bairro. Hoje em dia muitas pessoas estão valorizando e reconhecendo o jiu-jítsu, e também o esporte no Dirceu.

O orgulho que tenho do meu bairro é em relação ao apoio que tenho dos meus amigos, e também de ver as pessoas que lutam todo dia, acordam cedo... Isso me inspira bastante”.

E falando em inspirações, quando questionada sobre quais atletas motivaram o estilo de luta de Bel, a garota diz não ser como a maioria: “As meninas que começam a treinar se inspiram na Kyra Gracie, mas eu não, comigo foi diferente. 

Vi uma luta de uma atleta chamada Fabiana Borges e adotei o meu estilo de luta baseada nela. Quando assisti, ela ganhou o mundial em menos de 20 segundos”, relata.

Atualmente, quem mais apoia a atleta é a mãe, Letice Soares. No começo, existia um certo receio em relação a menina praticar o esporte: “Antes já foi mais [machista], quando comecei a fazer o esporte minha mãe foi a primeira a dizer não.

Mas quando ganhei a primeira competição, ela viu que eu tinha potencial”, diz Bel. Dona Letice reconhece que mudou os valores: “Eu dizia ‘Bel, isso é coisa de homem!’, mas hoje em dia abraço a ideia. Acabou esse negócio de preconceito de mulher em luta”, diz.

Mais 6 atletas compõem o time piauiense no mundial da CBJJE 

Além de Bel, mais seis atletas compõem a delegação piauiense, são eles o professor Fábio Carvalho (faixa preta), Davi Samuel (azul), Kelson Vieira (azul), Davi Samuel (amarela), Stefano Nascimento (azul), Jam Marcos (branca) e Phelipe Simões (azul). Mas o número de competidores poderia ser maior se não houvesse as dificuldades financeiras.

"A escassez de patrocínio é a maior dificuldade. Existe a lei de incentivo ao esporte, mas ela não é tão praticada aqui no nosso estado", aponta Fábio Carvalho.

Para ir ao CBJJE, Bel teve o apoio do Governo do Estado do Piauí e também da iniciativa privada, mas nem todos que praticam o esporte têm a mesma sorte de conseguir patrocínio suficiente para arcar com os custos. 

Além de gastos com a alimentação e treinos, os atletas precisam de dinheiro para pagar as passagens aéreas para São Paulo - a competição vai acontecer no Parque Ibirapuera - e também para pagar as inscrições, que custam entre R$ 70 e R$160. 

Mulheres em situação de risco vão treinar jiu-jítsu com Bel 

Além de talentosa, Isabel Soares também tem um coração enorme. Em parceria com a igreja que frequenta, Bel vai levar o jiu-jítsu para mulheres com problemas de drogadição. 

O projeto vai auxiliar mulheres em situação de risco:
"Vou ter um projeto junto com uma clínica de dependentes químicos da Igreja Filadelfia, para ensinar jiu-jítsu e defesa pessoal para mulheres. A maioria dessas mulheres são muito vulneráveis a estupros, agressões e violência. Na clínica, elas vão aprender a se defender", diz.

A mãe de Bel quer levar o projeto também para crianças, como uma maneira preventiva: "O esporte é a saída para tudo que é ruim. Através do esporte, o jovem passa a ter uma disciplina e não tem tempo pra coisa ruim. Queremos trabalhar com a criançada do Grande Dirceu, vamos botar é 'quente'", complementa Letice Soares.




 

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