Lesões incuráveis, fotos comprometedoras, supostas traições, baladas sem fim e até um sequestro-relâmpago. Nos últimos anos, Valdivia esteve muito mais envolvido em escândalos fora de campo que com futebol. Agora, o meia tenta mudar sua postura sob a rédea curta da mulher e corre contra o tempo para disputar sua segunda Copa do Mundo e salvar o fim da carreira.
Valdivia deu um tempo na badalação noturna e adota a discrição na sua vida em São Paulo. "Sossegou" depois que voltou a morar com sua mulher, Daniela Aranguiz, na capital paulista. A modelo retornou ao Brasil neste ano depois de passar uma temporada no Chile após ficar traumatizada com a tentativa de abuso sexual e as agressões sofridas pelo casal em um sequestro relâmpago em São Paulo, em junho de 2012.
Pessoas próximas ao jogador revelaram ao UOL Esporte que ele está mais caseiro por causa da presença da esposa, que adotou uma linha dura em relação aos desvios de comportamento do marido. Também está mais dedicado na busca por seu maior objetivo na carreira: voltar a disputar uma Copa do Mundo.
A dúvida que paira no ar é se depois de tantas lesões e um comportamento desregrado ainda é possível recuperar a credibilidade e o físico de um atleta de 30 anos. "Pega o exemplo de um cara que fuma por 20 anos. Ele para, mas continua tossindo. Ainda vai sofrer os efeitos. Não é simples assim", diz um amigo do atleta, que não quis se identificar.
Fato é que Valdivia vem tentando. Ele confidenciou a pessoas próximas que o trauma causado pelo sequestro o fez refletir sobre sua vida e o ajudou a ter mais responsabilidade com sua carreira. Até o empresário e conselheiro do Palmeiras Osório Furlan, dono de parte de seus direitos econômicos, acredita que ele amadureceu.
"Ele está se cuidando melhor, está com 30 anos, não é mais criança. Ele sabe, reconheceu muita coisa errada que fez. Ele não tem mais 22 anos, tem que parar de fazer o que fazia, senão vai terminar prematuramente", disse Furlan, conhecido por ser crítico do meia.
O próprio jogador vem adotando um discurso diferente em suas entrevistas. Procura admitir os erros do passado. "Aproveitava para sair, jantar, escutar música, e não dormia o suficiente para estar descansado no dia seguinte. A gente chegava tarde em casa e acabava não descansando. Hoje, depois do jogo, se alguém falar que me viu na balada vai crescer o nariz. Depois do jogo vou para casa e janto com a minha mulher", disse recentemente, em entrevista ao "Arena Sportv".
"Prefiro descansar, prefiro ficar em casa com meus filhos brincando. Hoje tenho tudo em casa, antigamente não tinha tudo que eu tenho agora em casa. Então prefiro fazer minhas coisas dentro de casa e acredito que uma grande diferença é isso", completou.
Quem mora próximo de Valdivia descreve um vizinho tranquilo. Perto de seu apartamento, localizado em um prédio de luxo em um bairro da Zona Oeste paulistana, ele é visto passeando com o cachorro, comendo um lanche na padaria e alugando filmes de ação que costuma levar para a concentração.
Até por conta dos problemas que se envolveu, não gosta ter sua vida pessoal exposta e tenta até passar despercebido às vezes. Chega a frequentar a lanchonete perto de sua casa com moleton e capuz para não ser reconhecido, de acordo com um funcionário do local. Suas idas ao salão de beleza, onde corta o cabelo e faz massagens, são preservadas pela gerência do estabelecimento que está proibida de falar sobre o atleta. Funcionários relatam que o jogador vai acompanhado de seguranças à paisana.
Uma grande questão é se a mudança recente de comportamento refletiu em seu desempenho em campo. Para os chilenos, sim. Valdivia vem reconstruindo sua imagem após escândalos de indisciplina que custou seu afastamento da seleção chilena com técnicos anteriores, inclusive Claudio Borghi.