Vôlei: Seleção quase entrega, mas bate chinesas e respiram

Após sofrer apagão no quarto set, quando vencia por 24/21, Brasil ganha no tie-break e mantém chances de classificação para as quartas de final

Jaqueline teve boa atuação contra as chinesas nesta sexta-feira em Londres | Reuters
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Três jogos, duas derrotas e muitas dúvidas. Era essa a estrada esburacada que o vôlei feminino vinha percorrendo em Londres. A busca por uma vitória nesta sexta-feira não tinha a ver apenas com asfaltar o caminho e recuperar a confiança. A essa altura do campeonato, era preciso ser prático, e só o triunfo espantaria o risco de ver as campeãs olímpicas eliminadas na primeira fase. Do outro lado da rede estava uma China que virou presa fácil no primeiro set, mas se agigantou e foi buscar um jogo que parecia perdido. Um apagão no quarto set quase colocou tudo a perder, mas as meninas de José Roberto Guimarães respiraram aliviadas no tie-break: 3 a 2 (25/16, 20/25, 25/18 e 28/30 e 15/10).

Com a vitória por 3 sets a 2, o Brasil soma dois pontos, chega a quatro e empata com a Turquia. Para avançar às quartas, tem que vencer o último jogo da primeira fase, que será contra a Sérvia, lanterna da chave, e torcer por um tropeço das turcas. Nas Olimpíadas, a chave conta com seis equipes, e as quatro primeiras se classificam.

O Brasil encerra a etapa de classificação no próximo domingo, às 18h (horário de Brasília), contra a Sérvia. A China, terceira colocada, enfrenta a Coreia do Sul, vice-líder da chave, e as americanas, líderes do Grupo B, pegam a Turquia.

- É uma situação horrível. Em termos de Olimpíadas, é inédito para a gente. Isso é o que me entristece. Temos a chance de estar dentro, o importante é a Turquia não fazer três pontos. Mas houve uma recuperação. Era uma situação difícil, e eu não tinha dúvidas sobre o comportamento delas, nós precisávamos jogar da forma como jogamos hoje - afirmou Zé Roberto Guimarães.

Ouro nos Jogos de 2004 em Atenas e bronze em Pequim, a China não conseguiu arrancar resultados tão bons no último ciclo olímpico. Com sua principal atacante, Yimei Wang, vindo de uma cirurgia no tornozelo, a equipe do técnico Yu Juemin tem agora campanha idêntica à do Brasil, com dois triunfos e dois tropeços.

Zé Roberto mexe no time

A confiança era claramente outra. Com Dani Lins levantando e Jaqueline de volta ao time titular no lugar de Fernanda Garay, o Brasil mostrou no início que estava disposto a se recuperar. Abriu 5/2 e, com o ataque bem dividido, chegou à primeira parada técnica vencendo por 8/4. Jaque e Thaisa capricharam nos ataques, a diferença pulou para seis pontos. A atacante Yimei Wang chegou a furar uma cortada de maneira constrangedora e trombou com o juiz na lateral da quadra. Àquela altura, o primeiro set já estava sob controle para a equipe de amarelo, que foi para a segunda parada vencendo por 16/8. Paula, Jaqueline e Sheilla continuaram pontuando sem dificuldade até a primeira parcial chegar ao fim: 25/16.

O segundo set começou com as chinesas dando uma resposta e abrindo 3/1. O cochilo durou pouco, e logo o placar virou para 5/3. O equilíbrio foi maior do que no set inicial, mas ainda assim o Brasil deu um jeito de segurar a vantagem na parada técnica: 8/7. Na volta, o jogo mudou de figura. A China abriu 16/12, sob o comando de Ruoqi Hui, e ganhou moral. Na bola de Jaqueline que cortou para 19/17, os gritos da capitã Fabiana puxaram a vibração do time, que foi atrás do empate com Jaque no bloqueio. A torcida acordou na Arena, mas a China não se importou. Abriu 23/20 e forçou Zé Roberto a parar o jogo. Não adiantou. Em um lance de indecisão na defesa brasileira, as orientais fecharam em 25/20 e igualaram a partida.

O tropeço ligou o alerta para a seleção. Com o novo regulamento, em que a vitória por 3 a 0 ou 3 a 1 vale três pontos, e o 3 a 2 vale apenas dois, a equipe de Zé Roberto não queria saber de entregar mais um set. E começou concentrada, com Sheilla voando. Na primeira parada, a atacante já tinha 14 pontos, e o Brasil ganhava por 8/5. Na volta, contudo, três pontos seguidos das chinesas deixaram tudo igual.

Quando o placar chegou a 14/12 para as asiáticas, Zé Roberto lançou Garay no lugar de Paula. Mas era Sheilla que continuava virando todas. A ajudinha veio com um ponto de graça quando as chinesas erraram o rodízio na quadra. O Brasil aproveitou o embalo e abriu quatro de vantagem com um bloqueio e uma cortada certeira de Jaque, que vibrou apontando para a torcida. Thaisa também entrou no jogo, e aí não deu para a China: 25/18.

O panorama do set anterior se repetiu. O Brasil foi para a primeira parada vencendo por 8/6, a China empatou, mas a equipe verde-amarela conseguiu se manter à frente no placar. As orientais, contudo, não se entregavam, sob o comando de Chuniei Zeng. O time de Zé Roberto abriu 24/21, mas permitiu a reação. Bolas de segurança na mão de Sheilla, que virava quase todas. Mas Fabiana cometeu erro básico de dois toques no levantamento, e uma falha de Garay na defesa criou um cenário que parecia impossível. Apos cinco set points, China 30/28, tie-break a caminho.

O equilíbrio deu as caras no set decisivo, e o Brasil voltou a ter vantagem de dois pontos na troca de lado, com 8/6. A diferença pulou para 11/7, e aí só era preciso evitar outro apagão. O saque torto de Fabiana deixou a torcida apreensiva de novo, mas Natália explorou o bloqueio em seguida para fazer 12/8. Desta vez, sem colapso: 15/10. Ainda com a corda apertando de leve no pescoço, sem mostrar um vôlei consistente, mas com o direito de sonhar com o bicampeonato olímpico.

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