Fábio Carille conquistou o Campeonato Paulista e admiração de dirigentes e torcedores do Corinthians. Prestigiado, foi chamado até de “novo Tite”, o seu mentor, em uma faixa levada a Itaquera na decisão contra a Ponte Preta, no domingo. Mas são justamente experiências ao lado do hoje técnico da Seleção Brasileira que o deixam ressabiado em relação aos elogios.
“Trabalhei com o Tite, como todos sabem bem, e vi ele ser muito criticado quando fomos eliminados da Libertadores por Guaraní e Nacional. Sei o quanto é pesado. O título me dá respaldo? Sim, mas um pouquinho só. Se eu tiver uma sequência de resultados ruins, vai acontecer o que normalmente acontece, com o que não concordo”, disse Carille, referindo-se a uma eventual demissão.
Auxiliar do Corinthians desde 2009, Fábio¬ Carille teve a sua primeira oportunidade de se firmar como técnico no ano passado, entre a demissão de Cristóvão Borges e a contratação de Oswaldo de Oliveira. Em dezembro, no entanto, ele havia sido descartado pelo presidente Roberto de Andrade para o cargo, vago outra vez. Acabou promovido por falta de opções e enfrentou uma série de contestações.
“Agora, o que está acontecendo aqui não é normal. Sinceramente, não esperava ser campeão tão cedo”, reconheceu Carille, que só se sentiu um pouco mais respaldado após a vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras, na fase de grupos do Estadual, também em Itaquera. “Até aquele jogo, todos os dias foram difíceis. O grupo mostrou personalidade para ir ao CT quietinho e treinar muito. A pressão foi mais difícil para os jogadores, alguns muito jovens, sem conhecer o Corinthians”, acrescentou.
O Palmeiras era o grande parâmetro para as comparações que inferiorizavam a equipe dirigida por Carille. Campeão brasileiro em 2016, o rival investiu bastante em reforços para a atual temporada, ao contrário do Corinthians, que já tinha ido mal no ano anterior. No Derby, contudo, o time alvinegro superou uma expulsão injusta do volante Gabriel e venceu com gol do centroavante Jô.
Para não dar brecha a novas críticas – e à ameaça de perder o emprego –, Fábio Carille conta com a mesma humildade de quando o Corinthians era visto como a quarta força do futebol paulista. “Vamos continuar assim. Estou feliz agora, mas já tenho que preparar a equipe para a batalha de quarta-feira (contra a Universidad de Chile, pela Copa Sul-Americana). Existe um relaxamento natural, então não será fácil. Devemos comemorar mesmo, mas recolocar os pés no chão para pensar nas próximas competições”, pregou o comedido treinador.