Tranquilidade e Muricy Ramalho nunca combinaram muito. O jeitão mal-humorado e o temperamento explosivo são públicos, notórios e já ganharam até status de folclore. Às vésperas do jogo que pode dar o título brasileiro ao Fluminense, domingo (5), contra o Guarani, o treinador, como de praxe, fugiu ao discurso dos tradicionalistas da bola e sequer cogitou pedir calma a seus jogadores.
- Tranquilo? Eu não to tranquilo. Mas não mesmo. Já falei para os jogadores que quem tiver tranquilo pode ir para casa. Não é para estar calmo, não pode estar. A situação não permite isso. Todos estão tensos e esse é o normal. Eles têm de estar preparados, isso sim. E estão.
Flu terá Julio Cesar na decisão
Durante os treinos, Muricy Ramalho é peça muito presente, incansável. Para a atividade a todo momento, corrige, dá bronca e busca a perfeição. Esta é, de acordo com o treinador, a única forma de se fazer um time vencedor.
- Aqui é um clube grande. Todos recebem bem, têm estrutura, tudo do bom e do melhor. Então eu tenho que cobrar. Essa é a única forma. Essa coisa de motivar de última hora, de fazer vídeo com familiares não funciona muito. Em um clube pequeno, sem dinheiro, até vale você chamar o jogador, contar uma historia. Porque quase não se pode cobrar. Mas aqui não.
Fred deve levantar possível taça
Com três títulos brasileiros pelo São Paulo no currículo e ainda um vice com o Internacional, o treinador tem sido apontado como o melhor do país nos últimos anos. A fama tem explicação e os resultados são fruto da ambição de alguém que desde cedo quis se destacar.
- Eu sempre quis ser um treinador diferente. Via no mercado técnicos promissores trocando de time toda hora. Mas eu não queria isso. Eu dizia que esse lado de cumprir as obrigações ia pesar muito na minha carreira. Assim tudo fica mais fácil. Você conhece melhor o clube, os jogadores e as engrenagens funcionam melhor.
Prova do compromisso de Muricy foi dada após a Copa do Mundo, quando ele recebeu convite para assumir a seleção brasileira. Após muita conversa e acordo quase fechado, ele voltou atrás e resolveu seguir nas Laranjeiras. Mano Menezes, então técnico do Corinthians, assumiu o cargo.