Entre títulos, belos gols e uma transferência milionária para o Barcelona, um assunto delicado ainda incomoda Neymar. O astro de apenas 21 anos não esqueceu um dos episódios negativos de sua carreira, o ato de rebeldia que teve contra Dorival Júnior, quando deixou o campo xingando o ex-treinador do Santos. É o que mostra o livro "Neymar ? Conversa entre pai e filho", que retrata as histórias de Neymar Jr. e de seu pai e que revela que o incidente levou o jogador a pensar em abandonar o futebol.
A publicação, que chegou às livrarias na última semana, foi feita com depoimentos da dupla colhidos pelo apresentador Ivan Moré. O comentarista Mauro Beting foi o responsável por editar e roteirizar o texto.
Em certo momento de sua trajetória, Neymar fala profundamente sobre o caso com Dorival, que aconteceu em setembro de 2010. Na ocasião, o Santos venceu o Atlético-GO por 4 a 2, mas o atacante se revoltou ao ser proibido pelo técnico de cobrar um pênalti.
"Sei que errei feio nessa história toda com o Dorival", diz Neymar, em um relato longo, de mais de uma página. "Foi um dos piores dias da minha vida. Eu não era aquilo que havia passado para as pessoas. Eu precisava melhorar muito. Crescer bastante. Amadurecer ainda mais. Mas aprendi. Tanto no aspecto pessoal como no profissional."
O atacante chegou a ser punido e ficou afastado do elenco. E, segundo ele, foi este o momento mais difícil que passou dentro do Santos, time que apostou nele desde cedo. A ponto de cogitar parar. "Foi o dia que mais chorei. O que mais fiquei arrasado. (...) Nos dias seguintes, era triste ligar a televisão. Ver você sendo chamado de monstro, todo mundo te metendo o pau, falando mal. Foram noites horríveis. (...) Se não fossem meus amigos, minha família, eu acho que eu não estaria aqui hoje. Com certeza eu teria abandonado o futebol", afirma - leia mais em trecho do livro abaixo.
Neymar adota um tom de desculpas e diz que lamentou quando, por conta da discussão de quantos jogos ele deveria perder no gancho, Dorival acabou sendo demitido do Santos.
O livro todo se passa alternando relatos em primeira pessoa de Neymar pai e filho. Em um dos capítulos do pai, uma "bronca" fica por conta da ausência do atacante na Copa de 2010. A seleção era comandada por Dunga. "Entendo que o treinador tinha suas escolhas, seu grupo fechado. (...) Até o Pelé e o Zico defenderam o chamado deles. O Messi, vejam só, estranhou a não convocação dos meninos. Mas não teve jeito. Tivemos de respeitar"
Troca de torpedos com Messi
Um outro episódio muito trabalhado no livro é a recente ida de Neymar para o Barcelona. E, entre inúmeros elogios ao argentino Lionel Messi, grande estrela do clube catalão atualmente, conta-se que uma conversa por mensagens de celular foi responsável pela primeira aproximação entre eles, para evitar qualquer desentendido na chegada do brasileiro.
"O próprio Messi fez questão de falar com o Neymar Jr. quando pintou aquele boato de que ele não seria bem recebido no clube, logo depois do nosso acerto com o Barcelona. O Montillo, meia argentino companheiro de Santos, fez o meio-campo pelo celular com o Juninho. O Messi e meu filho se falaram por torpedos. Ele falou que estavam todos ansiosos pela chegada dele ao Barça, que seria recebido muito bem por todos", afirma Neymar da Silva Santos.
O atacante também falou do argentino, principalmente no encontro deles no Mundial de Clubes de 2011. "Naquele dia pude receber o carinho e o respeito de um mito como o Messi. Além do grande futebol dele, da genialidade dentro de campo, a humildade do camisa 10 argentino é admirável. (...) Espero ajudá-lo a conquistar mais títulos como companheiro de clube."