Mesma cidade, mesmo estádio, mesmo adversário, nova possibilidade de dor para os argentinos. Quase 80 anos depois de sua primeira decepção em uma Copa do Mundo, a Argentina vai novamente ao estádio Centenário, em Montevidéu, para tentar evitar o mico histórico de não se classificar para o Mundial do ano que vem, na África do Sul.
Se o resultado for o mesmo, é considerável a chance de Messi, Tévez, Mascherano e toda a turma de Maradona verem a Copa pela televisão em 2010. Foi em 30 de julho de 1930. Às 8h, uma multidão começou a tomar conta do recém-erguido estádio na esperança de ver o Uruguai campeão.
Ao meio-dia, duas horas antes de a bola rolar, 93 mil pessoas já estavam enlatadas no local, à espera da partida. A celeste saiu na frente. Com 12 minutos, Dorado deu o primeiro susto na Argentina. Mas os “hermanos” reagiram e viraram ainda na etapa inicial, com gols de Peucelle e Stábile, artilheiro da Copa. No segundo tempo, os uruguaios comprovaram a força que já haviam mostrado nas Olimpíadas e viraram para 4 a 2. Cea, Iriarte e Castro marcaram os gols.
E a Argentina teve que voltar para casa sem a taça. Passadas quase oito décadas, o Centenário é um estádio histórico, de arrepiar, mas completamente defasado – respira o passado e esquece o presente. Por dentro e especialmente por fora, ele mostra que parou no tempo.
Se há cadeiras para proporcionar maior conforto ao público, também estão por ali velhas grades enferrujadas enjaulando os torcedores e fossos gigantescos para impedir eventuais invasões. Mas o tempo também traz suas vantagens ao Centenário. Elas estão no Museu do Futebol, uma homenagem à história do esporte, e nas placas colocadas nas principais entradas do estádio. Cada uma lembra uma importante conquista do Uruguai. Uma delas é feita para os argentinos não lerem: faz referência justamente à Copa de 30. Mas vale uma ressalva: naquele mesmo Mundial, a Argentina venceu México (6 a 3), Chile (3 a 1) e Estados Unidos (6 a 1) no local.