No reencontro entre Atlético-PR e Palmeiras, pela partida decisiva das oitavas de final da Copa do Brasil, Manoel e Danilo, protagonistas da confusão ocorrida na semana anterior, no Palestra Itália, não se olharam ou se cumprimentaram. Nas arquibancadas da Arena da Baixada, torcedores protestavam com os rostos pintados contra o atitude do zagueiro alviverde, que chamou o rival de "macaco". A tensão foi a tônica da partida entre paranaenses e paulistas na noite desta quarta-feira, em Curitiba. Mas a raça e a disposição do time da casa, que jogou com um homem a menos desde o primeiro tempo, não foram páreas para o Alviverde, que conseguiu arrancar o 1 a 1 nos minutos finais, depois de quase ter de passar pelo nervosismo dos pênaltis.
Lincoln foi o responsável pela classificação palmeirense às quartas de final da Copa do Brasil, com um gol aos 43 minutos do segundo tempo. Nove minutos antes, Alan Bahia colocou o Rubronegro na frente, mas o empate fez prevalecer a vantagem dos paulistas, que venceram a primeira disputa por 1 a 0.
Agora, o Alviverde enfrenta o vencedor de Atlético-GO e Santa Cruz, que duelam novamente nesta quinta-feira, no Serra Dourada - o primeiro jogo foi 2 a 1 para os goianos.
Pressão e clima quente na Arena
Ainda ressentido pelo que aconteceu na partida disputada em São Paulo, o zagueiro Manoel evitou cumprimentar Danilo antes de a bola rolar. A torcida, em defesa de seu atleta, chamou o palmeirense de ?racista? e o vaiou durante todo o primeiro tempo. A pressão era grande sobre os alviverdes dentro e fora de campo.
Ag./Estado
O zagueiro Manoel, do Atlético-PR, e o meia Diego Souza, do Palmeiras, durante a partida tensa entre as equipes na Arena da Baixada
Empurrado pelos gritos das arquibancadas, o Furacão chegou primeiro ao gol palmeirense com Netinho, responsável pelas cobranças de faltas e escanteios na ausência de Paulo Baier ? ele foi expulso na partida realizada no Palestra Itália. Aos 5 minutos, Netinho cobrou falta em cima de Marcos, que conseguiu afastar o perigo. Cinco minutos depois, o camisa 12 alviverde voltou a salvar o Alviverde, novamente depois de cobrança de falta de Netinho.
A resposta dos paulistas veio em um lance de velocidade com Lincoln, principal articulador das jogadas. Ele invadiu a área do time rubronegro e foi derrubado por Bruno Costa, que acabou sendo expulso por já ter cartão amarelo. Na batida, porém, a alegria foi do lado do time da casa. Tentando bater com ?paradinha?, Robert acabou se traindo e viu a bola parar nas mãos de Neto, ovacionado pelos torcedores, aos 16 minutos.
- Tentei uma jogada, mas, infelizmente, bati fraco na bola e tenho consciência disso. Assumo a responsabilidade sobre o que acontecer no final ? disse o camisa 20, na saída para o intervalo.
O relógio não favorecia o Atlético-PR, que tentava contra o gol de Marcos, mas não conseguia sair do zero. O Palmeiras, por sua vez, não ficou atrás, mesmo depois da chance desperdiçada com o pênalti. E a torcida, ao final do primeiro tempo, já não gritava com o mesmo entusiasmo. A não ser para xingar Danilo...
Com um jogador a mais, Antônio Carlos Zago se permitiu arriscar um pouco mais na frente. No lugar de Pierre, que havia levado cartão amarelo, o Palmeiras voltou para o segundo tempo com Ewerthon ao lado de Robert. Mas a mudança ofensiva não representou maior poder de fogo ao alviverde, pois o time errava nas finalizações.
Já o Atlético-PR, vendo o tempo passar e o gol não sair, decidiu se lançar ao ataque com algumas alterações. Aos 15 minutos, Leandro Niehues colocou mais dois atacantes no time e passou a jogar com um trio ofensivo ? Tartá, Bruno Mineiro e Marcelo. O problema foi que o time paranaense abriu mão de Netinho, principal armador das jogadas. E o Palmeiras passou a assustar mais.
Aos 20 minutos, o time paulista avançou pela direita com Robert. No cruzamento, o atacante buscou Lincoln, que estava bem posicionado na pequena área, mas errou o voleio no arremate. A pressão palmeirense e a desvantagem no placar combinado mexeram com a torcida rubronegra, que já não se mostrava mais tão entusiasmada com a equipe e até se esquecia de pressionar Danilo, tamanha a tensão.
Seis minutos depois, Ewerthon cabeceou e obrigou Neto a se esticar todo para evitar o gol. O Alviverde não encontrava muitas dificuldades para chegar à meta do Furacão. A dificuldade era acertar o alvo e ganhar mais tranquilidade na partida.
O Atlético-PR, por sua vez, avançava mais na base da raça e do coração. Como aos 28 minutos, quando Alan Bahia passou por Edinho e Danilo e só parou quando encontrou o pentacampeão Marcos pela frente.
E foi na raça que o Furacão chegou ao gol. Léo cometeu pênalti em Tartá. Vilã na batida de Robert, ainda no primeiro tempo, a "paradinha" foi amiga de Alan Bahia na hora de deslocar o goleiro Marcos, no 1 a 0 do time da casa. A torcida reacendeu na Arena da Baixada, enquanto o Palmeiras ia ao desespero para o ataque, tentando evitar a disputa por pênaltis.
E quando parecia que os goleiros definiriam a disputa, o Palmeiras conseguiu o empate. Márcio Araújo avançou pela direita e cruzou para Lincoln só completar e carimbar a passagem do Alviverde às quartas de final da Copa do Brasil: 1 a 1.