O ex-supervisor de condomínio Adaílton Alves é só mais um entre milhões de palmeirenses que querem ver o Palmeiras fora da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro - ocupa a 18º colocação com 26 pontos em 30 jogos. Mas este baiano de 28 anos foi mais longe. Depois de ver de perto a queda do Palmeiras em 2002, em Salvador, o torcedor pediu demissão do emprego quando percebeu que o time de seu coração poderia ter o mesmo destino nesta temporada após o título da Copa do Brasil.
Ele arrumou um jeito de tentar dar nova motivação ao Palmeiras. Foi assim no desembarque do volante Marcos Assunção, na terça-feira à noite. Com uma faixa dizendo ?Verdão, meu amor não tem divisão?, o palmeirense abraçou o capitão do time e recebeu dele a promessa de que deixaria a vida em campo para devolver o sorriso aos torcedores. Só não deu para acompanhar o desembarque do restante da delegação - eles saíram pela pista e frustraram os dez palmeirenses que fizeram plantão no aeroporto.
Adaílton foi ao Recife assistir à derrota por 1 a 0 para o Náutico, e está na sua terra natal para ver o jogo contra o Bahia, nesta quarta, às 19h30 (horário de Brasília). Também quer ir a Araraquara, interior de São Paulo, para assistir ao duelo contra o Cruzeiro, sábado. Há um mês, ele se cansou das funções de supervisor. Antes, passara pelo Exército, que serviu por cerca de dois anos.
O torcedor Adaílton tem a melhor das intenções, mas precisa enfrentar dois problemas: a resistência da mulher e a necessidade de dinheiro para tantas viagens. O segundo ponto é mais fácil, ele garante.
- Posso usar o dinheiro da minha saída, também estou à procura de um patrocinador. Quem sabe? Quanto à minha mulher, ela desconfia, mas digo que é melhor ser viciado no Palmeiras do que usar drogas ou beber - citou o torcedor.
Dez anos depois do rebaixamento, Adaílton quer curar as feridas deixadas naquele 17 de novembro de 2002. Ele estava no Barradão na derrota por 4 a 3 para o Vitória, que selou a ida para a Série B.
- Eu tinha só 18 anos, todo mundo falou que eu apareci na TV chorando demais. Foi muita tristeza. Espero que dessa vez seja diferente - afirmou o palmeirense.
Adaílton Alves estará em Pituaçu nesta quarta, tentando cumprir a programação que acertou desde que deixou o emprego. Se em 2002 ele chorou, em 2012 quer servir de amuleto para ajudar o Palmeiras a se livrar da Série B. Faltam oito rodadas para o fim do Brasileiro, e o time tem nove pontos de diferença para o Bahia, primeira equipe fora da zona da degola.