A expectativa estava sobre outros adversários. Afinal, Rodrigo Parreira tinha a pior marca na temporada dentre os finalistas dos 100m da classe T36, para atletas com paralisia cerebral. Os números, no entanto, ficaram no passado quando a largada foi dada no Engenhão. Com uma arrancada espetacular, o brasileiro surpreendeu e faturou o bronze com o melhor tempo da vida, novo recorde das Américas: 12s54. O ouro ficou com Mohamad Ridzuan Puzi, da Malásia, que estabeleceu o novo recorde paralímpico com 12s07. O chinês Yang Yifei, com 12s20, melhor marca da carreira, ficou com a prata.
- Foi uma grande emoção para mim, para meu país e minha cidade. Agora é treinar mais para conseguir a esperada medalha de ouro. Conseguir essa medalha histórica para minha carreira foi uma grande honra. Eu não sabia que faria essa marca, abaixaria tanto meu tempo. Eu tinha a pior marca de todas. Vim fazer meu melhor, conseguir dar meu melhor. Bronze com sabor de ouro.
Até a final deste sábado, Rodrigo tinha 13s20 como melhor marca da temporada e 12s70 como melhor tempo da carreira. Três dos sete adversários já haviam corrido abaixo da casa dos 12 segundos, e outros dois chineses também haviam estabelecido marcas mais baixas que a do brasileiro.
Rodrigo nasceu no interior de de Goiás e foi diagnosticado com paralisia cerebral. Naquela época, os médicos davam poucos dias de vida. Mas a família dele não desistiu e mudou-se para Uberlândia, em Minas, em busca de tratamento. Ele fez reabilitação motora e se tratou com uma fonoaudióloga desde os três anos de idade.
Rodrigo cresceu e conheceu o esporte paralímpico. Desde então, passou a integrar o Clube Desportivo para Deficientes de Uberlândia (CDDU). Antes das pistas, passou por vários esportes, dentre eles a natação e o futebol de 7. No atletismo foi onde se encontrou. Na Rio 2016, ele também compete no salto em distância.
- Estou há um mês fora de casa treinando com a seleção, trabalhando duro. Todos da seleção me apoiaram muito nos momentos mais difíceis da minha vida. Fazer aniversário com a seleção foi uma grande emoção. Ontem teria a semifinal dos 100m, mas cortaram. Falaram que foi um presente para mim não precisar correr. Hoje ganhei o bronze. Agora é trabalhar mais para ganhar o ouro.