Patricia Amorim discursou de maneira ufanista, usou Ibson como escudo contra as críticas ao momento ruim do Flamengo em campo e evitou um encontro com a imprensa para não ser questionada sobre Ronaldinho. A apresentação do principal reforço do Rubro-Negro para o Brasileirão, na segunda-feira, maquiou a nova indisposição interna causada pelo astro do elenco ? ele havia chegado sem condições para treinar a três dias da estreia do time na competição ? e as cobranças que cercam a mandatária a seis meses das eleições no clube.
Com mais de uma hora de atraso, Ibson apareceu acompanhado da presidente e dos dois homens de confiança dela: Zinho, diretor executivo, e Paulo Cesar Coutinho, vice de futebol. O trio vestia a camisa que comemorava o retorno do jogador à Gávea pela segunda vez.
Por cerca de cinco minutos, só Patricia Amorim falou. Os bordões ?missão cumprida?, ?compromisso? e ?trabalho de equipe? nortearam o discurso vazio que enalteceu a contratação e agradeceu aos colaboradores, entre eles alguns dirigentes do clube que também estiveram no auditório da Gávea.
Até mesmo Eduardo Uram, empresário de Ibson, foi lembrado. Sem ser citado, a mandatária apontou para o agente que retribuiu com um sorriso. O detalhe é que antes da saída do técnico Vanderlei Luxemburgo, Uram era considerado persona non grata no Flamengo.
Depois de citar todos os envolvidos na transação ? incluindo Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos ?, Patricia Amorim desculpou-se com os presentes, passou o microfone para Ibson e saiu literalmente pela tangente. O motivo alegado foi a necessidade de resolver outros compromissos.
O fato causou espanto por parte de um dirigente do Flamengo.
? Ela vai sair? ? indagava essa pessoa, enquanto Patricia era cercada por uma de suas assessoras.
No fim, ficaram a cargo de Zinho as respostas evasivas sobre Ronaldinho e os prováveis reforços.