Mesmo com o Flamengo em crise, sem resultados positivos em campo, a presidente Patricia Amorim pediu licença do cargo e viajou para Londres para acompanhar de perto os Jogos Olímpicos. Desde então ela tem convivido com críticas. Nesta sexta-feira, ela fez seu papel como dirigente, acompanhou a prova de Cesar Cielo, atleta do Rubro-Negro, e falou com a reportagem do ATAQUE. A ex-nadadora, que voltará para o Brasil neste sábado, revelou que ainda não havia sido informada sobre o acerto com o atacante Liedson e desabafou ao falar sobre a pressão que tem sofrido. A presidente ainda comentou o corte de telefone, avaliou o time no Brasileirão e garantiu que não viajou para passear.
O que você achou da prova do Cesar Cielo, ficou decepcionada?
PATRICIA AMORIM: Cielo nunca vai decepcionar o Brasil. Ele é um nadador que disputou duas finais olímpicas agora em Londres e ganhou uma medalha. Essa é a competição mais difícil do mundo e conseguir uma medalha de bronze é motivo de comemoração. Como brasileira, torcedora e presidente do Flamengo, estou muito satisfeita com o desempenho dele. E o atleta pode contar com o nosso carinho para tudo.
Sua viagem para Londres foi muito criticada pela torcida do Flamengo. O que você veio fazer aqui?
Além de acompanhar os atletas do Flamengo, aproveitei que vim a Londres e fui conhecer o Comitê Olímpico dos Estados Unidos, suas instalações. Também fui no Crystal Palace (Quartel-General do Brasil em Londres) e vi tudo de perto. Isso é importante para a gente, que espera dar ainda mais estrutura aos esportes olímpicos do Flamengo. Foi uma grande correria e um aprendizado enorme.
Foram oito dias de tranquilidade longe da função de presidente do Flamengo e a pressão que o cargo oferece. O que achou?
Estar aqui é uma outra atmosfera. É muito bacana acompanhar de perto. Deu para aproveitar para descansar, aproveitar o espírito olímpico, que não tem cobrança. Sou a presidente de um dos maiores clubes do mundo, mas a pressão às vezes extrapola. Não é fácil, tem de ser uma pessoa convicta. É preciso dar uma respirada. As pessoas têm de entender que não vim para Londres de férias. Teve um propósito.
Além da prova de Cesar Cielo, conseguiu acompanhar outras competições?
Fui a alguns jogos. Estive em três partidas do vôlei de quadra. Acompanhei a Juliana e a Larissa e compareci a quase todas as provas da natação. Fui na disputa dos 100m, vi a prova do Thiago Pereira, o bronze do Cielo. Fiz muita coisa. Viu como não vim para passear, como muitos falaram?
E o Liedson... Você já sabe que ele é atacante do Flamengo?
Não estou participando diretamente desse caso e até o momento não me ligaram. Como gosto que respeitem o meu trabalho, também respeito o dos outros. Estou afastada do cargo por estar em Londres e quem tem resolvido esse assunto é o Helio Ferraz. Deixei ele à vontade para tudo. Mas sei que ele me ligaria se tivesse acertado com o Liedson.
Como você vê o caso do corte de telefone devido a contas atrasadas que chegam a R$ 26 mil?
Vejo esse assunto como uma grande bobagem. Pois acontece na casa de qualquer um. Na sua, na minha. Garanto que não há falta de dinheiro no clube. Para se ter uma ideia, dia 31 de julho pagamos um ano inteiro da dívida que temos com o Romário. Isso deve ter sido culpa de algum funcionário descuidado que perdeu as contas.
O Flamengo não tem conseguido uma sequência de bons resultados no Brasileirão, qual sua opinião sobre o time?
O time ainda não é uniforme. É uma mistura de jogadores com mais de 30 anos, que não têm mais o mesmo vigor físico de antes, com uma garotada que ainda não tem maturidade esportiva suficiente para não sentir a pressão. Tem sido muito difícil equilibrar tudo, mas com o Dorival no comando as nossas chances são maiores. O torcedor do Flamengo precisa ter mais paciência. Eles querem tudo para ontem e a pressão acaba atrapalhando ainda mais as coisas.
Tem visto os jogos?
Vi o 0 a 0 (com a Portuguesa) e a derrota por 4 a 1 para o São Paulo. Depois a internet caiu e não pude acompanhar mais nada. Mas sábado estou de volta para a maratona (risos).
Você acha que tem condições de se reeleger?
Não tenho projeto de ficar uma vida inteira no poder do Flamengo. Não me vejo 30 anos no cargo. Estou tranquila em relação às eleições. Se tivesse alguém que pudesse oferecer mais do que eu posso, até pensaria em não me candidatar. Como não vejo ninguém, isso não passa pela minha cabeça. Vamos pensar mais nos esportes olímpicos para a gente ter ainda mais representantes no Rio. Em Londres, tivemos 20 atletas e seis treinadores do Flamengo. Podemos melhorar.
Você está chateada com as críticas?
Procuro não deixar essas coisas me afetarem. Mas é claro que eu não sou respeitada como presidente do Flamengo. Isso é muito triste.