Na noite de segunda-feira, logo depois de perder as eleições do Flamengo para Eduardo Bandeira de Mello por 1.414 contra 914 votos, Patricia Amorim precisou apelar a um ?remedinho? para conseguir dormir poucas horas. No dia seguinte, deu um mergulho na Praia da Barra e foi ao cinema com os filhos assistir ao filme "Os Penetras". Mas, ao contrário da comédia da tela, o enredo da terça-feira também teve lágrimas a cada ligação que recebia. Nesta quarta, a futura ex-presidente reapareceu na sede do clube, foi saudada por funcionários, comentou a fase de transição e revelou que deve permanecer no cargo até o fim de dezembro.
- Reaparecer no clube foi menos difícil do que eu achava, bem menos doloroso. Agradeci aos sócios, achava que era importante. Vim agradecer também aos funcionários, atletas. Quero fazer a transição da melhor forma possível, espero que as pessoas tenham a mesma conduta comigo. Isso é importante. Mas, em princípio, quero ficar até o fim ? afirmou Patricia Amorim.
Patricia quer cumprir seu mandato no mês de dezembro para acompanhar os diversos setores - financeiro, jurídico, esportes olímpicos - que estão em fase de produção e conclusão de relatórios dos três anos de gestão da mandatária. Os documentos serão repassados para a nova gestão, que assumirá oficialmente o Flamengo no dia 2 de janeiro.
O semblante de Patricia ainda é de abatimento. Ao circular pelo clube, porém, foi tratada com carinho pelos funcionários, alguns deles chorando, e também atletas.
- Ela valorizou o funcionário, sempre pagou em dia, deu uniforme para trabalharmos, pois nem isso tínhamos antes ? disse uma funcionária que trabalha na limpeza do clube.
A presidente contou que, depois da derrota, recebeu mensagens de Vanderlei Luxemburgo - técnico demitido por ela no início deste ano - e do atacante Deivid, que deixou o clube depois de enfrentar problemas salariais e agora defende o Coritiba.
- É legal ter esse carinho de duas pessoas que saíram do clube.
Na Gávea, o clima é de apreensão com a mudança de comando. Com a troca de presidente, muitos funcionários temem por demissão. Certo é que pessoas que ocupam cargos de confiança de Patricia serão substituídas.
Em vez de vermelho e preto, Patricia vestia uma camisa verde. Visivelmente mais magra, ela alternou momentos de voz embargada com sorrisos.
- Sou muito forte, tenho emoção. Não tenho problema com vitória, nem derrota. A vitória não me sobe à cabeça, não muda em nada o que eu sou. A derrota também não me derruba. Fui treinada a vida inteira para ganhar e perder, já estou na próxima ? completou Patricia Amorim.