Bicampeão da Taça Libertadores da América pelo Santos, Pelé sabe como poucos os caminhos para o título interclubes mais importante do continente. Até por isso, tem na ponta da língua a "receita" que pode levar o Corinthians à inédita conquista do torneio sul-americano: não mudar a forma com a qual o time atuou durante toda a competição. Para exemplificar, recorre a 1963, quando superou o mesmo rival alvinegro desta quarta-feira, às 21h50m, no Pacaembu: o Boca Juniors.
Pelé, com o presidente da Conmebol Nicolás Leoz (Foto: Jose Gonzalez / Globoesporte.com)
O Rei afirma estar torcendo pelo Timão, mas não deixa de tirar uma casquinha do rival que foi seu "freguês" nos anos 60. Ele admite ter uma certa empatia pelo principal rival santista. Algo que, segundo o próprio Pelé, surgiu ainda na infância, quando residia com o irmão Zoca em Bauru, no interior de São Paulo, e foi presenteado por uma tia com dois times de futebol de botão: Corinthians e Palmeiras.
- O Zoca era palmeirense, então eu fiquei com o Corinthians. Inclusive o meu centroavante era o Baltazar (risos). Começou daí. Depois, foram falar que eu tinha ido fazer teste (no Corinthians), que tinha sido mandado embora e que por isso eu tinha raiva deles. Mas se depois eu fui para o Santos e ganhei tanto do Corinthians, como posso ter raiva? É um time que me deu tantas alegrias (risos) - lembrou o craque, durante evento de apresentação da Taça Libertadores da América, em São Paulo.
Curiosamente, o Corinthians eliminou o Santos na semifinal desta Libertadores. Mas a declaração de Pelé teve o aval de quem viu e sofreu com o esquadrão santista, ninguém menos que o presidente corintiano.
- Eu sofria muito! - emendou, às risadas, Mário Gobbi, também presente ao evento.
O mandatário corintiano ainda recordou uma homenagem da Gaviões da Fiel em uma vitória do Corinthians sobre o Santos por 1 a 0 (gol de Rivellino), na ocasião em que Pelé ainda era jogador. Tratava-se de uma faixa, estendida nas arquibancadas do Pacaembu, com os dizeres: "Maior que Pelé, só a Fiel".
- Foi algo fantástico, que me tocou profundamente. Foi a demonstração do reconhecimento da torcida corintiana à grandeza do Pelé - descreveu Gobbi.
Dicas
Pelé aproveitou para dar suas dicas ao Corinthians, que, em sua opinião, tem tudo para conquistar sua primeira Libertadores.
- Se eu tivesse na posição do Corinthians, eu não mudaria minha forma de atuar, independentemente do adversário. Mudar time em decisão é o que geralmente complica. Por que vencemos o Boca na Bombonera na final da Libertadores de 63? Porque não mudávamos nosso futebol por nada. O Boca já tinha toda a fama quando jogava em casa, mas não mudamos nosso perfil. Fomos para frente e vencemos - defendeu Pelé.