Pelé defendeu a construção de cadeias dentro dos estádios como medida de combater a violência no futebol. Em entrevista coletiva na Vila Belmiro na noite de ontem, o ex-ministro do Esporte disse que essa foi uma das ações implantadas durante sua gestão na pasta. Pelé foi ministro no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Quando eu estive no ministério, nós fizemos um trabalho bem forte e sério com respeito à violência", disse o ex-jogador. "Fizemos até cadeia embaixo das arquibancadas dos estádios para botar os delinquentes. Depois que saí, pararam com isso."
Hoje, já funcionam em muitos Estados os Juizados Especiais Criminais, instâncias do Judiciário capazes de julgar delitos de menor gravidade, como contravenções.
Pelé esteve na Vila Belmiro para o lançamento de um livro sobre o centenário do Santos, que será no sábado.
Mas o ex-atleta também falou sobre seleção brasileira, Olimpíada, Copa e violência.
"Com a internet, eles estão organizando briga fora do estádio, nas ruas, avenidas, metrô. É caso de polícia. Agora, proibiram as organizadas. Foi assim que terminaram com os hooligans na Inglaterra. É uma boa posição, mas temos que tomar outras atitudes."
Pelé ainda foi além e pediu mais "educação" para acabar com a violência no futebol. E citou um dos fatos mais conhecidos de sua biografia.
"Quando eu fiz o milésimo gol, pedi ao governo para dar mais atenção às crianças", disse Pelé. "Não deram. Isso está se refletindo nesses assassinos. Se o governo tivesse dado educação talvez não tivéssemos problemas hoje."
Ele também comentou a atual situação da seleção. Três vezes campeão do mundo, Pelé considera que o técnico Mano Menezes ainda não tem um time em mãos.
"O que falta para a seleção, e já deveriam ter tomado uma posição, é ter um time para jogar, uma espinha dorsal. Não temos ainda. Em 1970 [na Copa], pegaram um ou outro jogador de outros times, mas a base era o Santos. O que falta à seleção brasileira é isso."
A entrevista com o santista foi muito concorrida. Como de costume, sua assessoria evitou que o astro fugisse ao protocolo da cerimônia.
Ainda assim, Pelé atendeu ao pedido de um fã que tomou o microfone e, chorando, disse que a maior alegria de sua vida foi ter jogado contra o rei na década de 1960.
"Fiquei tão emocionado que não joguei nada", disse Carlos Andrade, que atuou no América de Rio Preto. Ganhou um autógrafo do ídolo.