O telefone de Ricardo Okuyama tocou na última segunda-feira. Era o amigo Fábio Miranda, de Teresina. Ligou para avisar que tinha acabado de comprar a passagem para o fim de semana no Rio de Janeiro. A notícia seria recebida com alegria se não fosse por um pedido do piauiense: queria ingresso para a partida de domingo entre Fluminense e Guarani, jogo que pode dar o título brasileiro ao tricolor carioca.
- Ele sempre pede alguma coisa, mas exagerou dessa vez - disse o vascaíno, que conseguiu sorrir em meio ao caos na Arena da Barra, um dos pontos de venda de ingressos para o jogo.
Ricardo organizou o dia para atender ao pedido de Fábio. Gerente de um banco no Recreio (zona Oeste do Rio de Janeiro), ele foi ao trabalho na parte da manhã e aproveitou a hora do almoço para ficar na fila da Arena, onde mais de duas mil pessoas haviam varado a madrugada na esperança de um ingresso. Ao se deparar com o tumulto, que chegou a parar as vendas por quase duas horas, desistiu. Voltou para a agência. Mas às 20h estava de volta ao local. Depois da 14ª ligação de Fábio, Ricardo viu que não conseguiria se ver livre da missão tão facilmente.
- Conheço o Fábio há uns dez anos. Ele adora o Rio, vem uma vez por ano para cá. E tem esse jeitão doido. Vê se pode, comprou a passagem antes mesmo de ter o ingresso.
Ricardo esperou até as 21h, quando os seguranças da Arena avisaram que os ingressos estavam esgotados.
- Dessa vez, não deu. Mas, pelo menos, fiz o que podia para atender ao pedido. No dia do jogo, vou ver se ele quer assistir em casa mesmo - contou o vascaíno, encaminhando-se para o seu carro.