Incansável, o atacante Neymar, do Santos, corre para tentar disputar nesta quinta-feira, contra o Atlético-MG, pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro, seu 59º jogo no ano. É uma média de quase seis jogos por mês em 2011, fora as viagens, treinos, compromissos comerciais. Apesar do ritmo intenso, o craque não se queixa de dor, cansaço, nunca falta a um treino.
Na última terça-feira à noite, ele defendeu a Seleção Brasileira em amistoso contra o México, em Torreón (MEX). Logo após a partida, embarcou de volta a São Paulo, mas o voo atrasou, gerando ainda mais desgaste. Ainda assim, ele deve estar em campo, menos de 48 horas depois, para enfrentar o Galo. Uma disposição que espanta até experimentados profissionais do futebol.
- O moleque é impressionante. Muitas vezes, precisamos dar um tempo, tirá-lo um pouco do campo. Se deixar, ele joga todo dia - comenta o técnico Muricy Ramalho.
O fisiologista do Santos, Luís Fernando de Barros, conta que todos os jogadores são submetidos a um exame que mede o desgaste físico após as partidas. Quanto mais alto o índice de enzimas encontradas no sangue do atleta, maior é o cansaço. O teste pode até determinar o afastamento do jogador de uma partida para que se evite uma lesão muscular.
Neymar é sempre o mais desgastado. Os níveis enzimáticos do craque costumam ser bastante altos. No entanto, sua recuperação é muito rápida. No dia seguinte, o craque já está inteiro e pronto para jogar.
- Se fôssemos levar em conta somente os níveis enzimáticos, que na realidade mostram que existem microlesões na musculatura do atleta, o Neymar ficaria fora sempre. Só que ele é um caso especial. Nós até perdemos o parâmetro. Mesmo tendo uma musculatura que se desgasta muito durante as partidas, ele fica bem para um próximo jogo só com o trabalho de regeneração - explica o fisiologista.
Com Neymar, perdemos até o parâmetro"
Luís Fernando de Barros, fisiologista do Santos
Segundo Barros, Neymar é naturalmente privilegiado, o que explica o fato de o craque nunca se machucar.
- Sem dúvida, o Neymar é raro. Certamente, o fator mais importante para explicar a sua resistência é a genética. Ele nasceu preparado.
O coordenador de preparação física do Santos, Ricardo Rosa, também cita a genética para explicar a força de Neymar.
- Ele tem de agradecer a Deus e a seus pais (risos). É realmente diferente. Podemos dizer que é um fenômeno. O que me impressiona no Neymar é sua enorme predisposição para atingir facilmente o ápice de todas as valências físicas exigidas no futebol. Ou seja, ele é muito veloz, muito ágil, muito forte.
Rosa conta que sempre ouve questionamentos sobre o perfil físico de Neymar. Acham que o garoto é franzino, que não aguenta pancadas. Ele garante que é justamente o contrário.
- O Neymar é extremamente forte. É que as pessoas confundem. Uma coisa é ser grande, outra é ser forte. O que ele leva de pancadas durante os jogos não é fácil. Só alguém com muita força aguenta. Ele pode até vir a ganhar um pouco mais de massa, mas isso de forma muito gradual - explica.
Recuperação é a prioridade
Luís Fernando de Barros e Ricardo Rosa explicam que o principal trabalho feito com Neymar no dia a dia desde o início do ano visa a sua recuperação. Como o craque está sempre jogando, eles priorizam o descanso para a regeneração da musculatura do jogador. Isso não quer dizer que o camisa 11 fique de pernas para cima quando não está em campo. Pelo contrário.
- Fazemos exercícios de força em superfícies instáveis (grama, caixa de areia) para que ele possa trabalhar a musculatura profunda das pernas, que é o que dá suporte para as articulações. É algo específico para que ele possa se recuperar bem. Aliás, isso é feito não só com Neymar, mas com todos os jogadores - explica Rosa.
Apesar de Neymar não se queixar, a comissão técnica santista prevê uns dias de descanso para o craque assim que o Peixe estiver livre de qualquer ameaça de rebaixamento no Brasileiro. Além do astro, outros jogadores deverão parar para se preparar para o Mundial de Clubes, em dezembro, no Japão. É o caso do lateral-direito Danilo, que está num ritmo semelhante ao de Neymar, além do zagueiro Durval e do lateral-esquerdo Léo, que, além de estarem jogando sempre, já não são mais garotos. O defensor tem 31 anos. O ala, 36.