O presidente em exercício do Santos, Odílio Rodrigues, voltou a falar sobre a transferência de Neymar para o Barcelona. Após reunião na sede da Federação Paulista de Futebol, nesta segunda-feira, o dirigente disse compreender as críticas que recebeu do ex-camisa 11 santista.
"Vi menos como crítica à gente (a si próprio e a Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente licenciado do Santos), e muito mais como defesa ao pai. Acho natural um filho defender o pai", afirmou Odílio Rodrigues.
Em fevereiro, Neymar publicou uma mensagem no Instagram criticando os dirigentes santistas. A atitude foi vista como uma resposta a Luis Álvaro, que classificou como "falta de caráter imperdoável" a conduta do pai do atacante no processo que levou o camisa 10 da Seleção Brasileira para Barcelona.
"Hoje eu entendo o meu irmão Paulo Henrique Ganso não ter ficado no Santos. Não foi porque ele não gostava mais do clube e nem queria jogar no Santos, foi sim por causa da diretoria! Sempre respeitei todos eles e fui muito profissional. Estou totalmente decepcionado com o ex-presidente Laor e o atual Odílio", disse Neymar à época.
Temendo desdobramentos negativos para a sua imagem no futuro, o presidente em exercício do Santos disse que não pretende mais falar sobre o caso, que, segundo ele, não apresenta nenhuma novidade.
"Sempre uma contenda entre um dirigente e um ídolo do nível e da qualidade do Neymar, que é um mito já, é ruim. Na frente, quem vai perder é o dirigente. A gente quer preservar a imagem do Neymar, tudo o que ele representar para o Santos e para o futebol brasileiro, a importância dele agora no Mundial... O clube fez o que tinha a obrigação de fazer para defender seus interesses", declarou Odílio.
Neymar se transferiu ao Barça em julho do ano passado, após conquistar o tetracampeonato da Copa das Confederações com a Seleção Brasileira. Na época, os valores não foram divulgados, mas, meses depois, o até então diretor Josep Maria Bartomeu revelou que o negócio custou 57 milhões de euros (cerca de R$ 180 milhões). Este valor, então, passou a ser adotado como oficial até mesmo pelo então presidente do Barça, Sandro Rosell.
Porém, no fim de janeiro um sócio do clube catalão acusou o mandatário de desviar 40 milhões de euros (cerca de R$ 130 milhões, na cotação atual) a uma empresa do pai de Neymar durante a transação. Ainda segundo a acusação, devem ser contabilizadas as luvas recebidas pelo astro, as parcerias sociais e de marketing e o acordo de prioridade com o Santos, que elevariam os valores da transferência aos 86,2 milhões de euros (R$ 284,5 milhões). A polêmica está sendo investigada pela Justiça espanhola, e fez com que Sandro Rosell renunciasse à presidência do clube catalão.
Depois dos esclarecimentos de Neymar pai, o Santos revelou que não tinha conhecimento sobre o acordo firmado entre o jogador e o Barcelona em 2011, e declarou que pleiteará o acesso aos contratos envolvendo o negócio. A DIS, grupo de empresários que detinha 40 % dos direitos econômicos de Neymar, sentiu-se lesada e estuda processar Santos, Barcelona e as empresas ligadas ao pai do jogador.