Desde 2009 o professor de educação física Luiz Carlos Osório, de 62 anos, pede na Justiça uma indenização milionária por ter descoberto e indicado o jogador Alexandre Pato, em 2001, ao clube Internacional, de Porto Alegre. Até hoje, no entanto, o professor aguarda uma decisão da Justiça sobre a ação de danos materiais e morais que ele move contra o pai do jogador, Geraldo Rodrigues da Silva, Gilmar Veloz (empresário), Sport Club Internacional e também contra o próprio jogador, no valor de R$ 4,8 milhões. Porém, por causa dos juros e correções, o valor pode chegar a R$ 10 milhões.
Luiz Carlos, conhecido como Luizão, e seu advogado, Jairo Batista Pereira, explicaram ao Flashland o andamento do processo. O professor é reconhecido em Quedas do Iguaçu (interior do Paraná), onde vive, por indicar jogadores para grandes clubes, além de organizar campeonatos para crianças. "Conheci o Pato quando ele tinha 11 anos em uma quadra de futebol de salão. Eu sempre trabalhei com isso", disse Luizão. "Consegui um teste para ele em 2001 e fiz um acordo com seu pai de 5% em uma negociação futura da venda do jogador."
O problema é que o acordo foi apenas verbal. "Mas o que eu mais tenho são provas de que levei o Pato para o Inter. Há várias entrevistas da época em que o jogador fala que fui eu que o indiquei ao clube", disse.
A pendenga, no entanto, começou em 2007, quando Pato foi vendido para o clube italiano Milan por 20 milhões de dólares. Desde então, o professor cobra que o acordo verbal seja cumprido. Segundo seu advogado, o valor pedido é ínfimo. "A praxe nesse ramo é de 10 a 15%. Ele pediu apenas 5%", disse Jairo Batista Pereira.
Luizão lembra que era amigo da família do atleta e que não tem raiva do Pato. "Eu torço por ele. Eles almoçavam na minha casa e eu na casa deles. Se eles tivessem me pagado na época, estaríamos de bem até hoje. Naquela época, eu não tinha uma equipe jurídica me assessorando. Mas tenho várias testemunhas do nosso acordo. Meu problema não é com o Pato e sim com o pai dele e o empresário".
O processo foi iniciado em Quedas do Iguaçu, porém foi transferido para a Segunda Vara Cível da Comarca de Porto Alegre porque o clube Internacional é uma das partes citadas. "Foi boa essa transferência porque na capital o processo corre mais rápido", disse o advogado. "Sempre confiei na palavra do pai de Pato. Quando o jogador estava na Itália, o pai dele disse que me pagaria, mas que os impostos para mandar o dinheiro da Itália eram muitos. Então foi adiando até que eu entrei na Justiça", disse Luizão. "Eles nunca disseram que não me pagariam. Mas não pagaram até hoje."
O clube Internacional, no entanto, afirma não ter responsabilidade no processo, já que a negociação já teria sido feita entre o jogador, o pai, o empresário e o professor Luizão antes de Pato ter sido indicado ao clube. O advogado do professor, Jairo Batista Pereira, acha que o processo pode demorar ainda mais oito anos por causa da lentidão da Justiça. Por isso, ele pretende também entrar com uma tutela antecipada para seu cliente receber entre R$ 8 a R$ 20 mil por mês até que a sentença seja definida. "O Luizão já está com 62 anos e aposentado. Não pode esperar tanto tempo por uma decisão."