Raridade da lesão e ansiedade de Luis Fabiano levaram à cirurgia

Depois de dois meses em tratamento conservador, atacante do São Paulo foi operado na tarde de sexta

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A cirurgia realizada na tarde desta sexta-feira na região de trás do joelho direito de Luis Fabiano gerou muita discussão por conta das idas e vindas de informações desde que o jogador foi contratado pelo São Paulo. Ao longo de dois meses, durante a recuperação, diversas datas foram estipuladas para a estreia do atacante e ele chegou a ser relacionado para o primeiro jogo contra o Avaí na Copa do Brasil, mas pouco depois teve sua participação cancelada.

Contra as especulações de que o tratamento que vinha sendo realizado estava errado, o médico da equipe, José Sanchez, explicou os motivos que levaram o departamento médico a decidir pela operação somente agora, mais de dois meses depois do surgimento da lesão. Um deles é simplesmente um princípio básico da medicina, de sempre optar primeiro pelo tratamento conservador - sem cirurgia - quando isso for possível.

Essa decisão pelo tratamento conservador foi tomada ainda no início de março, antes do anúncio da contratação, quando Luis Fabiano se machucou durante uma partida contra o Athletic Bilbao pelo Campeonato Espanhol. Mas Sanchez não questiona a escolha dos médicos espanhóis. ?Não temos crítica nenhuma à opção do Sevilla. Esses momentos são difíceis até para os médicos, e a gente sempre tem a tendência de poupar o atleta da cirurgia?, disse.

Outro aspecto fundamental para o ?adiamento? foi a raridade da lesão (veja explicação abaixo). Sanchez reconheceu que em 26 anos no São Paulo, nunca teve de lidar com um caso idêntico. Por isso, a situação do jogador não foi avaliada apenas por profissionais do clube. Muitos outros especialistas foram ouvidos, além de vários exames realizados, como quatro ressonâncias e três ultrassons.

?Conversei com vários colegas e a gente vê que essa lesão não é grave, mas é muito rara. É um tendão que normalmente é retirado como enxerto para substituir o cruzado em cirurgias no joelho?, explicou. Aliás, mais uma fez o médico são-paulino fez questão de registrar: a lesão de Luis Fabiano nada tem a ver com a articulação do joelho. Por isso, ?não existe preocupação com os aspectos funcionais?.

Por fim, a opinião de Luis Fabiano também pesou. Incomodado com a demora em voltar a jogar, o próprio jogador solicitou aos médicos uma alternativa ao tratamento que estava em andamento, mas que já havia chegado ao limite. ?Ele está muito chateado, incomodado por não poder ficar à disposição. A gente teve que ouvi-lo e ele queria uma solução mais rápida. O Luis tem uma vida profissional longa pela frente, nunca foi operado de nada e queríamos preservar, mas agora temos que operar, porque está comprometendo a carreira dele?.

José Sanchez precisou usar ilustrações médicas para explicar a cirurgia aos jornalistas

A complexidade da lesão de Luis Fabiano já gerou uma série de mal entendidos, principalmente na imprensa, que incomodaram muito José Sanchez. Por isso, ao confirmar a cirurgia, o médico se dispôs a ficar por mais de uma hora explicando aos jornalistas como seria o procedimento, realizado no Hcor sob responsabilidade de Renê Abdala.

A lesão é basicamente a ruptura de um tendão localizado na parte de trás do joelho. Porém, um tendão ?que pode facilmente ser substituído pelas outras estruturas existentes na coxa? e, por isso, a ruptura não deveria causar grandes problemas. O que ocorreu é que uma das partes rompidas se ?adaptou? sem problemas ao organismo, enquanto a outra aderiu ao músculo semitendíneo e criou uma fibrose (ferida) na ponta. Essa fibrose tem pequenos sangramentos dependendo do movimento realizado e é isso que provoca as dores.

A solução, portanto, passou pela retirada da ponta desse tendão, uma limpeza cirúrgica da fibrose e a ?ligação do músculo semitendíneo com o músculo semimembranoso (ambos eram separados pelo tendão rompido). Após a cirurgia, Renê Abdala disse ter ?solucionado? a lesão e que agora a volta dependerá da evolução diária do jogador. A expectativa é de que ele passe duas semanas andando de muletas e que somente em 20 dias seja divulgada uma expectativa pela tão aguardada estreia.

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