A decisão do Flamengo de anunciar a dispensa de Renato Abreu sem de fato ter rescindido o contrato pode levar o meio-campo a acionar o clube na Justiça. O jogador não obedeceu a notificação enviada por uma advogada trabalhista pedindo que ele se reapresentasse para treinar no Ninho do Urubu ontem, mesmo ainda tendo contrato e registro na Federação do Rio e, em tese, sendo jogador do Flamengo.
Depois de uma reunião com seu empresário, o agora ex-camisa 11 continua revoltado com a postura do clube e descarta um acordo. O Flamengo, por lei, teria que pagar os seis meses de salário até o fim do contrato, em dezembro, totalizando quase R$ 1,5 milhão. Um escritório de advocacia tenta contornar a situação e encaminhar um acordo com o pagamento inferior ao devido.
A situação constrangeu todas as partes de tal forma que nenhuma delas quer se expor e comentar o caso. O vice de futebol Wallim Vasconcellos, que ordenou a dispensa, mantém contatos com advogados para tentar resolver a situação sem litígio, mas já recebe críticas na Gávea.
A decisão de anunciar a rescisão teve o respaldo do vice-jurídico Flavio Willeman e do de finanças Rodrigo Tostes. Nenhum deles, porém, foi encontrado. O agente de Renato Abreu, Cláudio Guadagno, está no Rio de Janeiro e tentará se reunir com Wallim Vasconcellos hoje para resolver o problema. A reintegração de Renato Abreu é considerada impossível especialmente pela chachota a que a diretoria seria submetida na Gávea.
O agente de Renato vai aproveitar para ouvir da direção rubro-negra quando pretende realizar o pagamento da multa rescisória do técnico Jorginho, que também é seu cliente. O clube sofre para quitar ainda a dívida com o técnico Dorival Júnior, demitido, e para se livrar de jogadores que não quer mais.
A situação de Liedson e Alex Silva, afastados, ainda precisa ser resolvida. Mas não há dinheiro para acordo.