A Polícia Civil do Distrito Federal enviou à Receita Federal indícios de que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, movimentou de maneira ilegal mais de US$ 1 milhão em transações dentro e fora do Brasil nos últimos anos.
As negociações suspeitas encontradas na investigações também envolvem o dono da empresa Ailanto Marketing, Sandro Rosell, amigo de Teixeira e sócio da mulher dele.
A Ailanto é ligada ao cartola da CBF e suspeita de desviar recursos do amistoso entre Brasil e Portugal em 2008, custeado pelo governo do DF por R$ 9 milhões.
O material identificado pela polícia foi enviado oficialmente ao comando da Receita em Brasília, no fim do ano, para que seja investigada a prática de crime de evasão de divisas por Teixeira, Rosell e pessoas ligadas ao grupo.
A Receita não comentou o caso devido ao sigilo fiscal.
Segundo a investigação, os dois teriam utilizado a corretora Alpes, em São Paulo, para operar os recursos.
A polícia suspeita ainda que o espanhol Rosell, atual presidente do Barcelona, não tinha autorização legal para levar dinheiro para fora do Brasil ou trazê-lo do exterior.
As transações envolvem o empresário Cláudio Honigman, que, entre 2007 e 2008, foi diretor da corretora Alpes. Ele é sócio de Rosell e da mulher de Ricardo Teixeira, Ana Carolina, na Habitat Empreendimentos Imobiliários.
O quarto sócio deles nesta empresa, Fábio Cerqueira Costa, também contratou os serviços da Alpes.
A suspeita de que o presidente da CBF movimentou dinheiro de maneira ilegal foi encontrada no computador apreendido de Vanessa Precht, sócia de Rosell na Ailanto Marketing. São relatórios e mais de 2.000 e-mails com detalhes sobre a ação do grupo ligado ao cartola.
A polícia encontrou no material, por exemplo, um relatório não oficial em que está descrito o modus operandis das transações de dinheiro dentro e fora do país.
A relação entre Teixeira e Vanessa é mais um alvo de suspeita por parte da polícia. Na busca e apreensão, os investigadores encontraram cheques nominais de Vanessa para Teixeira, num contrato para arrendar uma fazenda do cartola por R$ 600 mil.
Apesar da pressão por conta das denúncias e de problemas de saúde, Teixeira anunciou anteontem que, por enquanto, permanece no cargo. Mas cogita tirar licença.