Lucão acabou sendo o centro das atenções durante e depois da derrota do São Paulo para o Atlético-MG no Morumbi nesse domingo. Hostilizado pela torcida tricolor pela falha que originou no segundo gol do Galo, o zagueiro revelou, logo após o apito final, que vai deixar o clube por causa da perseguição que tem sofrido. O desabafo, no entanto, não caiu bem para o técnico Rogério Ceni, que questionou a postura de seu jogador aos microfones.
“Não vi a declaração. Estou sabendo pelas suas palavras. Lamento que ele dê esse tipo de declaração, porque vaias e aplausos são do jogo. Ele é um patrimônio do clube e prefiro ver melhor exatamente as palavras que ele usou. É sempre ruim quando você é vaiado, mas tem de ter cabeça no lugar para não dar uma declaração que não possa se arrepender futuramente. Eu sou de uma época em que, independentemente de vaias, era sempre muito especial jogar pelo São Paulo. Queria que ele tivesse também esse tipo de sentimento”, disse o maior ídolo são-paulino em sua entrevista coletiva.
Se por um lado não aprovou a declaração de Lucão, Ceni tratou de partir em defesa do camisa 4 nas questões referentes ao seu desempenho em campo.“(Problema) técnico, não. Emocional, pode ser uma influência, mas, independentemente dos erros individuais, a responsabilidade é minha. Eu que escolho sistema de jogo e as peças”, avisou, antes de completar.“Ele vinha fazendo um bom jogo. Na hora de fazer a troca, o Militão já havia reclamado de cansaço no outro jogo. Até a hora do gol, o torcedor não havia vaiado ele ainda. E ele vinha fazendo um bom jogo. É que acabou tendo um erro e aí as vaias aconteceram”, observou.
E se Lucão não agrada a torcida dentro de campo, Lugano é constantemente apoiado mesmo sem ser utilizado. Rogério Ceni já externou seu desejo de que a diretoria tricolor renove o contrato do uruguaio, mas tem sofrido com questionamentos sobre o não aproveitamento do experiente jogador, que até agora fez apenas sete jogos na temporada. Nesse domingo, de novo Lugano teve o nome ecoado nas arquibancadas, mas sequer entrou no jogo.“Tem outros jogadores do São Paulo que também estão na reserva. Além do Lugano, tem outros 17 que ficaram fora. O que vou dizer? Não posso expor o Lugano na mesma posição do Militão, que é um menino de 20 anos, para enfrentar o Robinho. Tenho de colocar ele centralizado ou, em uma linha de quatro, do lado direito. Também gostaria de ver mais o Gilberto em campo. Mas não posso tirar o Lucas Pratto. Não me lembro de um time no futebol moderno que jogue com dois centroavantes. Tenho o Maicon e o Lugano. Tenho de escolher. Eu entendo o torcedor, mas tenho de escolher”, explicou Ceni.
O contrato de Lugano com o São Paulo vai até o dia 30 desse mês e até agora a diretoria do São Paulo não se manifestou sobre o interesse ou não em renovar o vínculo. O zagueiro não pretende aceitar uma diminuição salarial, hoje na casa dos R$ 280 mil, mas não esconde a intenção de seguir fazendo parte do elenco.