O Santos apresentou na Justiça documentos para comprovar que recebeu apenas R$ 17,1 milhões de euros (cerca de R$ 49 milhões) pela transferência de Neymar ao Barcelona, da Espanha. A DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, e que detinha 40% dos direitos econômicos do atleta, notificou o clube judicialmente pedindo a comprovação do valor exato da transferência, já que os espanhóis divulgaram que tiveram um custo de 57 milhões de euros na transação.
O Blog do Milton Neves teve acesso a uma carta do presidente do Barcelona, Sandro Rosell, direcionada a Odílio Rodrigues, atual presidente do Santos, que foi anexada no processo no início deste mês. O documento confirma o valor divulgado pelo clube brasileiro em reunião no Conselho Deliberativo em junho deste ano.
"Como o Santos FC bem sabe, a Taxa de Transferência total por todos os direitos federativos e econômicos de Neymar Jr. foi estabelecida em 17,1 milhões de euros, como declarado no contrato de transferência assinado por ambos os clubes. Esse valor, que o FC Barcelona pagou integralmente ao Santos FC, será dividido entre o Santos FC, TEISA e DIS nos valores acertados contratualmente entre essas partes", explica o dirigente do Barça em um trecho da carta.
Apesar de confirmar o valor recebido pelo Santos, Sandro Rosell admite que o Barcelona gastou mais 40 milhões de euros para contratar Neymar com "acordos anteriores com outras partes". O dirigente, no entanto, não especifica para quem foi direcionado o montante.
"Diferença para os 57 milhões de euros declarados pelo nosso vice-presidente e publicados na Internet está relacionada a outros pagamentos que o FC Barcelona teve que arcar visando resolver acordos anteriores com outras partes. O FC Barcelona não poderia mais cumprir ou executar esses acordos em consequência do contrato de transferência assinado com o Santos FC, de modo que os acordos tiveram que ser acertados pelo FC Barcelona", diz outro trecho do documento.
"Portanto, esses pagamentos adicionais resultaram em um custo extra para o FC Barcelona, associado diretamente à aquisição de Neymar Jr., apesar de nunca relacionado ao Santos FC, nem obviamente considerado como uma Taxa de Transferência, por não se tratar de uma compensação pela aquisição de algum direito do jogador", completa.
Sendo assim, dos 17,1 milhões de euros recebidos pela venda de Neymar, o Santos ficou apenas com 9 milhões de euros (aproximadamente R$ 26 milhões), pois teve de repassar 40% do montante a DIS, e 5% a Teisa, grupo de investidores formados por conselheiros influentes do clube.
Segundo o Blog do Milton Neves, a notificação na Justiça da DIS contra o Santos está no Fórum João Mendes, em São Paulo. No Fórum da cidade de Santos, a empresa ainda acionou o próprio Neymar Jr. O Juiz de direito da cidade litorânea expediu carta rogatória para ouvir Neymar em Barcelona, já que Oficiais de Justiça não conseguiram localizar e citar o craque na Baixada Santista.
Ainda de acordo com o apresentador, Roberto Moreno, advogado da DIS, revelou que a Fifa já notificou o Santos e o Barcelona. A entidade máxima do futebol quer explicações claras e não fragmentos sobre a mais polêmica transferência do futebol internacional de todos os tempos. Por conta disso, já existe uma sinalização para um possível acordo envolvendo a DIS e os "múltiplos intermediários vendedores de Neymar".
Odílio Rodrigues confirmou que a carta de Sandro Rosell foi uma explicação exigida pelo Santos, já que o valor anunciado pelo Barcelona (57 milhões de euros) para comprar Neymar não correspondia com o montante que foi recebido pelo clube brasileiro.
"Nós mandamos uma carta (ao Barcelona) exigindo explicações, e eles responderam para mim, já que o valor anunciado pelo Santos ao Conselho Deliberativo não batia com o comunicado no site do Barcelona. Por conta disso, a DIS notificou o Santos judicialmente pedindo a apresentação de documentos. Essa carta é a última que chegou, a gente anexou também. Tudo isso foi entregue ao Conselho Deliberativo e aprovado pelo Conselho Fiscal. Mais claro que isso é impossível", disse o presidente santista.
Além do valor confirmado pelo Barcelona, o Comitê Gestor já informou que terá direito a receber 4,5 milhões de euros caso o segundo amistoso acertado com o Barcelona, marcado para o Brasil, não aconteça por desistência do clube catalão ou por proibição da CBF.