Deu trabalho, mas o São Paulo é vice-líder do Campeonato Brasileiro. No clássico no Morumbi, o time de Muricy Ramalho dominou com um golaço de Ganso e tinha o jogo na mão até vacilar e conceder um pênalti ao Santos, bem convertido por Gabigol. Um gol tardio e na raça de Pato, porém, deu a vitória à equipe tricolor, muito aplaudida pela torcida.
O triunfo coloca o São Paulo de vez na lista de desafiantes do líder Cruzeiro. Agora o clube tricolor tem 32 pontos, contra 31 de Inter e Corinthians, que tropeçaram na rodada. A equipe mineira, que ainda entrará em campo neste domingo, tem 36.
Mais que a posição, porém, serve ao São Paulo a certeza do bom momento, corroborado pela quarta vitória seguida no torneio. Antes inconsistente e irregular, o time de Muricy Ramalho, aos poucos, evolui. Hoje, o ataque com Ganso, Pato e Kaká vai se consolidando, embora a defesa ainda vacile acima do normal.
Foi uma bobeira dessas, aos 40 minutos do segundo tempo, que quase pôs tudo em risco. O Santos de Gabigol, porém, não teve forçar para segurar o São Paulo e saiu derrotado. Com 23 pontos, segue longe do G4 e em busca de um melhor futebol.
Fases do jogo: O São Paulo ganhou com autoridade, embora tenha levado um susto enorme no fim do jogo. O ponto alto da equipe, como já vem acontecendo há tempos no Morumbi, foi o setor ofensivo, liderado por Paulo Henrique Ganso.
As associações entre o camisa 10, Kaká e Pato produziram os melhores lances do jogo. O São Paulo soube se movimentar, aproveitou-se das falhas individuais da defesa do Santos e levou perigo várias vezes ao gol de Aranha.
Ganso, de costas para o gol, aos 24 minutos do primeiro tempo, marcou um golaço e definiu a história do jogo, que já era favorável ao time da casa. Se o São Paulo não marcou mais é porque não teve muito esmero na hora de finalizar. Kardec, apagado e errático, também não colaborou.
Na defesa, por outro lado, a equipe tricolor não passou segurança. Paulo Miranda deu muito espaço a quem marcava, não importa quem fosse, e o time perdeu muitas bolas pelo alto. Sorte do São Paulo que o Santos, com Lucas Lima ineficiente, não jogou para aproveitar esses espaços.
Quem deu a melhor chance ao Santos foi Álvaro Pereira, que cometeu pênalti bobo a cinco minutos do apito final. Com personalidade Gabigol deslocou Rogério e provocou a torcida no Morumbi. Nos minutos seguintes, porém, Pato marcou na base da pressão e deu a vitória ao São Paulo.
O melhor: Ganso. O camisa 10 já vem se destacando nos últimos jogos, mas bater o ex-clube, de onde saiu brigado, certamente tem um gosto especial. No São Paulo de hoje, Ganso ajuda na marcação, volta para sair jogando e interage bem com Kaká e Pato. Quando teve a chance de definir, o fez de forma genial.
O pior: Ataque do Santos. Gabigol, de volta ao time, ficou isolado na ponta direita. Thiago Ribeiro, livre na esquerda, mal pegou na bola porque todos os passes em sua direção saíam de forma equivocada. Arouca, Alison e Lucas Lima, que deveriam dar volume ao time, foram anulados pelos rivais e abusaram da paciência ao forçar o jogo pelo meio quando o caminho claramente era pelas laterais.
Toque dos técnicos: Oswaldo viu seu time ser dominado no primeiro tempo e tentou colocar Gabriel no jogo, trocando Damião por Rildo. O melhor dos santistas já tinha tentado trocar de lado, mas não era muito acionado. Na vaga de Damião, Gabigol pôde recuar pelo meio e participar mais do jogo. O time melhorou, mas não o bastante para complicar o São Paulo.
Para lembrar: Robinho fez falta. Fora do clássico por lesão, o atacante santista poderia ter sido a arma da equipe pela esquerda, justamente no ponto mais sensível da defesa do São Paulo: Paulo Miranda. Thiago Ribeiro e Rildo, que jogaram por ali, abriram mão de explorar o fraco lateral tricolor para tentar constantes cortes para o meio, sempre sem sucesso.
Kardec apagado. O camisa 14 foi impreciso e movimentou-se menos que os companheiros de ataque. Nem pelo alto, diante de uma zaga atrapalhada, ele conseguiu ajudar. Com Luis Fabiano prestes a voltar de lesão, deve começar a se preocupar com sua vaga no time.
Falta de fôlego. Pelo segundo jogo seguido, o São Paulo perde gás no segundo tempo. Na quarta passada, contra o Inter, a equipe já havia tomado sufoco nos 45 minutos finais. Contra o Santos a pressão foi bem menor, mas faltou preparo para manter a partida dominada. Kaká, por exemplo, sentiu o peso e parou de marcar.
FICHA TÉCNICA SÃO PAULO X SANTOS Local: Morumbi, São Paulo (SP) Data/Hora: 24 de agosto de 2014, às 16h Árbitro: Vinicius Furlan (SP) Assistentes: Vicente Romano Neto e Carlos Augusto Nogueira Júnior (ambos de SP) Cartões amarelos: Alexandre Pato, Ganso, Paulo Miranda e Rafael Toloi (São Paulo); David Braz e Gabriel (Santos) Gols: Ganso, aos 24min do primeiro tempo; Gabriel, aos 40 min, e Pato, aos 43 min do 2º tempo
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Paulo Miranda, Rafael Toloi, Edson Silva e Alvaro Pereira; Denilson, Souza, Kaká (Húdson) e Ganso; Alexandre Pato (Michel Bastos) e Alan Kardec Técnico: Muricy Ramalho
SANTOS: Aranha; Cicinho, Edu Dracena, David Braz e Mena; Alison (Souza), Arouca e Lucas Lima; Gabriel, Thiago Ribeiro (Patito) e Leandro Damião (Rildo) Técnico: Oswaldo de Oliveira