Segurança apaga fotos de Neymar feitas por funcionária do hotel; veja

Mas tudo isso tinha outra razão: proteger a seleção brasileira do carinho de aproximadamente sete mil torcedores, barrados na porta do Estádio.

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As armas coloridas na cintura não eram de brinquedo. Nas cores laranja e amarela, elas se destacavam, aparentemente inofensivas, no meio do arsenal mais pesado de aproximadamente 200 policiais. O material bélico lembrava o usado nas manifestações em alta no país. Mas tudo isso tinha outra razão: proteger a seleção brasileira do carinho de aproximadamente sete mil torcedores, barrados na porta do Estádio Presidente Vargas, e somente autorizados a entrar quando o treino já havia terminado.

? Essa arma dispara dois dardos energizados. A gente não pode usar arma letal em competições da Fifa. Mas essa arma pode ser letal, sim ? disse um sargento, dono de uma arma de choque alaranjada, identificado no uniforme como C. Filho.

O isolamento de uma paranoica seleção nesses dias de Copa das Confederações choca os torcedores que tentam levar energia positiva aos jogadores. Negativa é a imagem que a Família Scolari vem construindo na Copa das Confederações, escorada no tal protocolo Fifa. Nada pode. Os funcionários do Hotel Marina Park, onde a delegação brasileira está hospedada, estão proibidos de fotografar os jogadores.

Ontem, faxineiros foram expulsos de um salão porque os jogadores passariam por ali a caminho do ônibus. E somente puderam voltar a limpar o local quando o último embarcou rumo ao treino.

? Trabalho nesse hotel há nove anos. Imagina se eu fosse nova aqui. Na chegada da seleção, um garçom do hotel fez três fotos do Neymar, mas o segurança pegou a máquina e apagou tudo. A gente não pode chegar perto ? lamentou uma funcionária.

? Billy Paul ficou hospedado aqui para um show no dia dos namorados. Circulou pelo hotel, foi fotografado e reagiu a tudo com simpatia ? lembrou outra funcionária.

O isolamento gera antipatia e alguns constrangimentos. Ontem, no meio da multidão à porta do Estádio Presidente Vargas, o ex-jogador Jardel, cearense com passagem pelo Vasco, Grêmio e Porto, ficou também barrado por um bom tempo. A muito custo, conseguiu entrar e dar um abraço no técnico Felipão.

Dentro do Estádio, o time sub-20 do Ceará empatou ontem em 2 a 2 com os reservas da seleção (gols de Jadson e Lucas). Pelo time anfitrião, o apoiador Gabriel, de 17 anos, não atingiu ainda a maioridade, mas, ao realizar o sonho de encarar parte da Família Scolari, mostrou maturidade suficiente para separar a idolatria da realidade.

? A gente achou rigorosa demais essa segurança em torno da seleção brasileira. Poderiam ter liberado a torcida. A maioria não poderá ir ao jogo contra o México, por falta de dinheiro ? destacou, insatisfeito com o gol contra da seleção, mesmo tendo sido um privilegiado por ter apertado a mão de Neymar e outros ídolos nacionais.

À noite, aproximadamente mil estudantes fizeram passeata em Fortaleza, contra os gastos com a Copa das Confederações. Parte do grupo chegou ao hotel da delegação brasileira, mas logo se dissolveu. A seleção de Felipão está blindada contra o amor e a raiva. Vale para todos.

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