Alto valor do salário de Carlos Alberto causa prejuízos ao Vasco

A situação de Carlos Alberto causa prejuízo ao Vasco em um momento em que o clube tenta equilibrar suas finanças e ainda conseguir reforços

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Carlos Alberto já foi rei em São Januário. Símbolo da equipe que garantiu o título da Série B, o meia criou forte identificação com a torcida pela garra e pelo esforço que fez para continuar no Vasco após o término do seu empréstimo em 2009, quando tinha vínculo com o Werder Bremen-ALE. Mas, contrariando o ditado, quem foi rei perdeu a majestade. Hoje, treina sozinho, sempre em horários diferentes dos de seus companheiros, e aguarda uma proposta para ser negociado. Com contrato até maio de 2013, não tem no horizonte a chance de voltar a vestir a camisa cruz-maltina e acompanha pela TV os jogos do time nesta temporada.

A situação de Carlos Alberto causa prejuízo ao Vasco em um momento em que o clube tenta equilibrar suas finanças e ainda conseguir reforços. Após a derrota para o Fluminense na final da Taça Guanabara, o técnico Cristóvão Borges afirmou que o clube precisa contratar, e Juninho Pernambucano lamentou a falta de opções no elenco. Sem jogar, Carlos Alberto tem um dos salários mais altos do Vasco - cerca de R$ 270 mil - e eleva a folha de pagamento. A diretoria estuda uma saída para romper o contrato, mas ainda não encontrou uma brecha judicial. Segundo um integrante do departamento jurídico, o caso é "analisado com lupa".

- O Carlos Alberto pertence ao Vasco, e temos monitorado os treinos dele e dado suporte para que se prepare. Não surgiram propostas, mas acreditamos ser possível negociá-lo. Temos pressa em achar uma solução e buscamos uma solução junto com o empresário dele. O jogador também quer que tudo se resolva logo. Vai ser o melhor para os dois lados. Tivemos a negociação com o Palmeiras que, infelizmente, acabou não acontecendo. Mas estamos tentando resolver essa questão - explicou o diretor executivo de futebol Daniel Freitas

Com um salário alto, um passado de algumas polêmicas e um histórico de lesões nos últimos anos, Carlos Alberto passou a ter um mercado limitado. O empresário Carlos Leite ainda não decidiu a estratégia a ser adotada. Pensa com calma sobre o futuro do meia, que tanto pode buscar um clube fora do país como negociar a rescisão de seu contrato. Até lá, tem o salário garantido por contrato com o Vasco.

- Não tem como prever nada agora. Neste momento, ele está apenas cumprindo com suas obrigações. A gente não sabe o que vai acontecer, e tudo é possível nesse caso. Não temos propostas ainda - disse Carlos Leite, acrescentando que o meia está ansioso para resolver logo a sua situação. - Tranquilo, ele não está. Ele queria estar jogando, como todo jogador. Mas está cumprindo o que o Vasco determina. Ele é funcionário do clube e vai seguir assim.

O Vasco não divulga o planejamento nem a programação de treinos de Carlos Alberto. Mas garante seguir com atenção os passos do meia para mantê-lo em forma e facilitar uma possível transação. Depois de alguns dias fazendo preparação física, Carlos Alberto passou a ficar mais na academia, enquanto se recupera de uma pubalgia (inflamação no púbis).

- Ele está bem fisicamente. Vinha fazendo os exercícios e está com um peso normal. Claro que não é a mesma coisa treinar separado, mas estamos trabalhando para que ele esteja bem para quando acertar com outro clube. Agora, está entregue ao departamento médico, mas deve voltar em uma semana - explicou o preparador físico Armando Macial, responsável por acompanhar os treinos do jogador, que, segundo ele, tem aparentado estar tranquilo com a situação e não perdeu o bom humor.

A questão envolvendo Carlos Alberto ainda incomoda o presidente Roberto Dinamite, que não gosta de falar sobre o assunto.

- O Carlos Alberto tem uma situação de contrato com o Vasco. É um critério da diretoria e da comissão técnica que o aproveitamento dele dentro do grupo não seria bom. Tive informação do empresário que o próprio jogador prefere ser negociado. Espero que ele negocie sua saída. Mais do que isso não posso falar, porque são questões do clube e não da imprensa. Então chega, não é? - disse Dinamite.

A tendência é que haja um empréstimo. Vitória e Criciúma já manifestaram interesse, mas desistiram por causa do alto valor do salário. O Palmeiras esteve perto do acerto, que não aconteceu por causa dos exames médicos - que apontaram uma pubalgia - e da discordância com o Vasco sobre a parte a ser paga do salário. O contrato seria de risco, com chance de ser dispensado em caso de indisciplina.

O declínio de Carlos Alberto começou na reta final do Brasileiro de 2010. Ao enfrentar lesões, ele incomodava alguns dirigentes, que acreditavam que elas estavam relacionadas a excessos na noite carioca. No elenco, o jogador mantinha seu prestígio e contava com a confiança da maioria dos companheiros. Mas havia desavenças. Durante brincadeira em um treino, Carlos Alberto deu um tapa no atacante Rodrigo Pimpão, que não aceitou pedidos de desculpas. Ele também não simpatizava muito com Dedé, após sofrer contusão no pé por causa de uma pancada durante um exercício.

Alguns jogadores se queixavam da sua falta de dedicação na marcação quando começou o Carioca de 2011. Depois de três derrotas seguidas, veio o mais grave dos problemas. Carlos Alberto não gostou das cobranças do presidente Roberto Dinamite no vestiário, após a partida contra o Boavista, e respondeu rispidamente. A briga tomou grandes proporções, e foi preciso que outras pessoas se intrometessem. No dia seguinte, o meia foi afastado junto com Felipe, que havia deixado a partida antes do fim. O Maestro foi perdoado, mas o camisa 19, não. Foi emprestado ao Grêmio. Fez só 11 jogos. Depois, parou no Bahia. Outras 19 partidas e nenhum gol. Não caiu nas graças da torcida e não teve seu vínculo renovado.

Em baixa, Carlos Alberto evita dar entrevistas. O jogador recentemente se manifestou apenas pelo Twitter. Poucas palavras. E não exatamente suas.

- O mais importante para o homem é crer em si mesmo. Sem esta confiança em seus recursos, em sua inteligência, em sua energia, ninguém alcança o triunfo a que aspira - dizia o texto que cita o arquiteto inglês Thomas Atkinson, que viveu no século 19.

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