
Em um momento em que o combate ao racismo no futebol volta ao centro das discussões, uma fala do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, causou controvérsia e gerou forte repercussão. Questionado sobre a possibilidade de os clubes brasileiros se retirarem das competições da entidade sul-americana, Domínguez usou uma comparação inusitada que incomodou torcedores e dirigentes.
Após o episódio de racismo envolvendo o jogador Luighi, do Palmeiras, durante partida da Libertadores Sub-20 contra o Cerro Porteño, a presidente do clube paulista, Leila Pereira, chegou a sugerir que times brasileiros se retirassem das competições organizadas pela Conmebol. A resposta de Domínguez veio durante uma entrevista ao site BolaVip, logo após o sorteio dos grupos da Libertadores e Sul-Americana:
“Seria como o Tarzan sem a Chita”, afirmou, ao ser questionado sobre uma eventual Libertadores sem brasileiros.
A frase, que faz referência ao macaco que acompanhava o personagem Tarzan nos filmes clássicos dos anos 1930, gerou desconforto principalmente por ter sido dita dias após um episódio envolvendo gestos racistas imitando macacos.
Veja a declaração:
Diante da repercussão, Alejandro Domínguez emitiu uma nota oficial pedindo desculpas e explicando que usou uma expressão popular sem a intenção de ofender ou minimizar a gravidade dos acontecimentos.
“Quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A CONMEBOL Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos 10 países membros”, declarou.
Durante seu discurso antes do sorteio, Domínguez chegou a se posicionar contra o racismo e afirmou que a entidade “tem dado o máximo para coibir esses atos criminosos”, embora não tenha anunciado novas medidas práticas.
“A Conmebol aplica sanções e faz tudo o que está a seu alcance para mudar essa realidade. Mas isso não é suficiente. O racismo tem origem na sociedade, mas afeta o futebol”, afirmou o dirigente.
A fala do presidente reforçou um cenário delicado, onde torcedores e clubes cobram ações mais efetivas e menos simbólicas no combate ao racismo. A resposta da Conmebol e sua postura frente aos próximos episódios podem definir o rumo da relação entre a entidade e os clubes brasileiros, considerados peças-chave para o prestígio e a força das competições continentais.