Técnico que revelou Hulk e David Luiz quer revolucionar o Fortaleza

Ele já tem passagens pelo Bahia e Vitória.

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José Luciano Reis Silva, de 52 anos. Provavelmente você nunca tenha ouvido falar desse nome, ou já tenha ouvido até demais. Mas este homem é o novo coordenador de futebol da base do Fortaleza e destaque em toda a mídia por ser ele quem descobriu grandes jogadores do futebol brasileiro.

Durante uma entrevista ao site Tribuna do Ceará, Luciano Reis afirmou que pretende revolucionar o atual time do Fortaleza , sobre sua experiência fora do Brasil e sobre os jogadores de sucesso que descobriu e treinou. Luciano chegou no time no dia 20 de maio deste ano mas antes passou pelo Bahia e Vitória.

TC: Como está o início no Fortaleza?

Luciano Reis: Esse primeiro momento é de avaliar o clube. Saber todos os detalhes da equipe. O nível de material, ver se é ideal, avaliar também o nível técnico dos jogadores. Depois entregar um relatório para a diretoria.

TC: Você fez um excelente trabalho nos dois principais times baianos. Como foi esse caminhada e como vê a base no estado do Ceará?

LR: A verdade é que o Bahia tomou a iniciativa e o responsável foi um cara chamado Newton Mota. Quando o Bahia se destacou revelando nomes para o futebol brasileiro, o Vitória contratou tudo da base do Bahia. Todos os profissionais. Por ser próximo, Recife começaram a competir, eles estão muito longe, eles revelam, mas o trabalho ainda está bem distante. Na base nós começamos a plantar para colher mais tarde. E, foi assim que fizemos no Bahia e Vitória.

TC: No futebol baiano, você acabou revelando grandes nomes. Como funcionava? Você já sabia quem tinha potencial?

LR: Era coordenador da base. E digo, sou coordenador técnico. Ou seja, trabalho dentro de campo, se fosse aquele que ficasse dentro do escritório com paletó não tinha esse contato, nem essa visão. Vou te contar um exemplo; um treinador da base do vitória mandou um jogador nosso embora mas lá tinha uma lei(algo que ele quer implantar no Fortaleza). Todas as pessoas tinham que assinar, em caso de dispensa de jogador. Chegou um momento que resolveram dar baixar em um atleta e eu não assinei porque confiava nele. No sub-17, ele atuava como meia e camisa 10, mas nem no banco de reservas ficava. Quando subiu de categoria, virou o titular e hoje é um dos zagueiros mais caros do mundo. O nome dele? David Luiz. (O zagueiro foi vendido ao PSG da França por 49,5 milhões de euros em 2014). Também passaram por mim Hulk, Anderson Martins, Wallace, Bill, Dida, Paulo Isidoro Alex Alves, Júnior Nagata, Jorge Wagner, Adailton, Vampeta, entre outros.

TC: Então você tem mais autonomia que o técnico da base?

LR: Sim. São detalhes que o treinador se acha poderoso, mas na base ele não pode ser assim porque tem uma filosofia do clube. O mais importante é o Fortaleza e não o treinador.

TC: Como funciona a base do Fortaleza? A estrutura é boa?

LR: Temos um CT em Maracanaú. São 4 campos de treinamentos, com 4 categorias (sub-13, sub-15, sub-17 e sub 20). A estrutura é formidável, ideal para se fazer um bom trabalho com os meninos que estão por lá. Já contratamos nutricionista, psicóloga e o próximo passo é ter uma assistente social. Queremos pegar o carimbo de clube formador e crescer gradativamente.

TC: Como funciona a seleção para entrar no Fortaleza? As peneiradas?

LR: Eu percebi que aqui os clubes são um pouco fechados. Por isso vamos criar um departamento de captação. Serão 4 observadores técnicos divididos na maioria das regiões brasileira. Desta forma, iremos trazer os jogadores que acreditamos ter potencial para ficar umas duas semanas no clube e comprovar o que vimos anteriormente. Além disso, vamos avaliar os times de bairros. E as peneiradas também irão continuar normalmente como o clube já faz.

TC: O modo como é feito a base no Brasil te agrada? Qual o seu olhar sobre isso?

LR: Não. Eu olho com decepção. Como vou saber se o jogador do sub- 17 que está na seleção brasileira atual é realmente o melhor? Eles vieram aqui para avaliar o nosso? Não. O certo seria uma seletiva Norte e Nordeste e automaticamente eles saberiam os melhores de cada estado/região. O futebol brasileiro não tem uma metodologia, uma filosofia para a base. Deveriam ter um representante da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em cada estado? Tem? Não tem.

TC: Então você acredita que esse tratamento da base se reflete na principal? Você acha que estamos com poucos talentos?

LR: Lá fora, as pessoas acham que temos muitos talentos. A verdade é que temos, mas temos que colocar pessoas que entendem de futebol para ensinar nas escolinhas. Você imaginou eu dando aula de basquete? Nem tamanho tenho para isso. E as pessoas tem que se qualificar. Aulas de didática, educação física e outros cursos. E outro problema é não deixar o jogador ser livre. Um menino de 12 anos já é trabalhado para ser do jeito que o treinador quer. Um garoto desse tem que driblar e mais velho se preocupar em passar a bola. O tempo que passei nos Estados Unidos eu vi que não sabia de nada.

TC: Quanto tempo você ficou nos Estados Unidos?

LC: 10 anos. As pessoas falam que eles não são do futebol, mas eles são o País da organização. Os americanos buscam o que há de melhor no universo. Lá eu fui campeão do Dallas Cup, um dos maiores torneios de futebol de base do mundo. Quando voltei para cá, vi que estamos atrasados no mínimo uns 40 anos. Voltei ao Brasil para ensinar o brasileiro a jogar o futebol brasileiro. Não é porque o cara foi boleiro que deve ser treinador.

TC: Com toda a sua bagagem o que o torcedor tricolor deve esperar do Luciano Reis?

LR: Muito trabalho e organização. Espero o apoio total da diretoria e compreensão porque toda vez que há mudança ela tem alguns percalços. Mas daqui uns 2/3 anos o Fortaleza será referência de base no Nordeste. Depois vamos voar mais alto.

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