Muita paciência. É o que o torcedor do Fluminense precisa ter para comprar os ingressos para os jogos decisivos contra o Vitória, pelo Brasileirão, e contra a LDU, pela final da Copa Sul-Americana. A comercialização começou nesta quarta-feira, às 9h, e enormes filas se formaram nos pontos de venda.
No Maracanã, a espera na fila é de, no mínimo, seis horas, sob forte calor. Alguns torcedores levaram guarda-chuvas para evitar sofrer uma insolação. Segundo cálculos da polícia, cerca de seis mil torcedores estavam no estádio por volta do meio-dia. O clima era calmo, mas o policiamento foi reforçado para evitar confusões com pessoas que tentavam furar a fila.
- É sempre aquela história de uma pessoa chegar do nada e querer ficar junto com um conhecido que já está na fila. Aí quem está atrás reclama e pode ter problema - explica o policial Aguiar.
O estudante Rafael Ribeiro, de 18 anos, saiu de Nova Iguaçu às 3h da madrugada e chegou ao Maracanã por volta das 5h. Só conseguiu comprar ingresso na bilheteria 5 do estádio às 12h45m e exibia orgulhoso a entrada, como se fosse um troféu.
- A vida de torcedor é isso. A gente precisa passar por essas coisas - disse Rafael, sem se arrepender de todo o esforço.
Os amigos Gabriel Paiva, Elísio Quintino, José Felipe e Joel Marino entraram na fila por volta das 7h desta quarta. E por volta das 13h ainda estavam longe das bilheterias. Para passar o tempo, eles sentaram no chão e começaram a jogar baralho.
- Se a gente conseguir os ingressos vale a pena. Para ver o Fluminense ser campeão vale todo esse esforço - disse José Felipe.
No Tijuca Tênis Clube, a situação era ainda pior. Apenas uma bilheteria funcionando para atender os torcedores. A fila virava o quarteirão. Felipe Coimbra já estava há cinco horas na fila e não tinha conseguido comprar o seu ingresso. Alguns torcedores reclamavam do atendimento prioritário dado aos idosos, que ficavam em uma fila exclusiva.
- A fila deles não deixa a nossa andar. Só tem uma bilheteria. E toda hora chegam uns dez idosos para comprar ingressos para os netos ou os filhos, já que eles entram de graça no Maracanã - reclamou o ajudante de pedreiro Gilson Silva, que chegou às 7h30m no local.
- Pensei que vindo aqui seria mais fácil do que no Maracanã, mas me enganei -completou.
Para o designer Lucas Rabello, foram necessárias quatro horas de espera nas bilheterias das Laranjeiras, sede tricolor.
- Cheguei aqui às 9h. A fila até está organizada, não tem ninguém furando, mas é uma burocracia inacreditável, tem que mostrar comprovante de pagamento. Por que não fazer dentro do clube, onde eu só posso entrar com a minha carteirinha se estiver com o pagamento em dia? E muita gente chega aqui e não sabe que a venda é só para sócios e acaba tendo que voltar. São apenas poucos papéis indicando isso na parede, não está claro.
A lentidão na venda também era um problema nas bilheterias do parque Terra Encantada, na Barra da Tijuca. Torcedores enfrentavam cerca de três horas de fila, debaixo de intenso sol, para garantir suas entradas. Apesar de não terem sido registrados maiores incidentes até o início da tarde, não eram raras cenas de bate-boca e reclamações. Um grupo chegou a se organizar para distribuir senhas no portão que separava a longa fila da área das bilheterias.
A venda de ingressos para os dois jogos ocorre, também, na sede do Vasco da Gama (São Januário). Nas Laranjeiras, a venda é exclusiva para os associados e sócios-torcedores, nas bilheterias externas, não havendo, portanto, venda de ingressos dentro do clube.
Cada pessoa pode comprar no máximo três ingressos. Os torcedores também podem comprar pela internet, no site: www.ingressofacil.com.br. Para a final contra a LDU, as entradas das arquibancadas verde e amarela custam R$ 30, a arquibancada branca sai por R$ 40, a cadeira azul vale R$ 20, e a cadeira especial é vendida por R$ 120. Já para o jogo com o Vitória, a diretoria tricolor manteve a promoção das últimas rodadas, e as entradas para as arquibancadas verde, amarela e branca, além das cadeiras azuis, custam R$ 15.