A Justiça de São Paulo condenou a torcida organizada Camisa 12, do Corinthians, por causa de um protesto homofóbico no centro de treinamento do time, contra o jogador Emerson Sheik, por ter publicado uma foto em suas redes sociais na qual dava um “selinho” em seu amigo. A multa foi imposta no valor de R$ 23 mil. O presidente da organizada também terá que pagar o mesmo valor.
A condenação foi obtida com base na Lei Estadual nº 10.948/2001, que prevê punição administrativa por atos de homofobia em São Paulo. A decisão é da Secretaria de Estado de Justiça e Defesa da Cidadania, órgão responsável pela aplicação da lei, que levou em conta a discriminação contra homossexuais em geral.
“A decisão é importante porque traz uma reflexão sobre a homofobia e responde a uma postura muito comum no futebol. É um começo para uma mudança de atitude. É preciso democratizar e avançar no futebol, que ainda é muito fechado e homofóbico – e a decisão é um reflexo disso”, avalia o Defensor Público responsável pelo caso, Bruno Bortolucci Baghim.
Em sua decisão, a Secretaria da Justiça considerou que a exposição na mídia das ofensas proferidas contra Emerson Sheik instiga a violência contra homossexuais. Ele também afirmou ser inadmissível que uma torcida de tal porte permita a propagação do incentivo e da difusão de atos atentatórios e discriminatórios contra a população LGBT, extrapolando seu direito de protestar ao desrespeitar e ofender a integridade dessas pessoas.
No dia 19 de agosto de 2013, cinco membros da torcida organizada foram à frente do centro de treinamento do Corinthians com faixas em protesto contra a atitude de Sheik em suas redes sociais, com dizeres como “Viado Não”, “Vai beijar a P.Q.P.” e “Aqui é lugar de homem”. Posteriormente, o presidente da torcida, Marco Antônio de Paula Rodrigues, também proferiu ofensas homofóbicas em redes sociais e entrevistas à imprensa, dizendo que “aqui não vai ficar beijando homem (…) Vamos fazer a vida dele um inferno”.