Foram encaminhados ao Presídio Regional de Joinville os três torcedores do Vasco presos por envolvimento na pancadaria que marcou o jogo entre Atlético-PR e Vasco da Gama na tarde de domingo (8), no estádio Arena Joinville, no Norte de Santa Catarina. De acordo com a Polícia Civil, o trio foi preso pela Polícia Militar e depois identificado por imagens feitas no local do incidente.
Os homens saíram da Central de Polícia de Joinville a caminho do presídio por volta das 2h30 desta segunda-feira (9). Eles foram indiciados por tentativa de homicídio, associação ao crime, danos ao patrimônio e por ferirem alguns artigos do Estatuto do Torcedor.
Segundo a Polícia Civil, dois torcedores foram detidos na saída do estádio, logo após o jogo. O terceiro foi encontrado no banheiro de um ônibus da torcida organizada do Vasco, quando deixava a cidade. Um dos homens aparece em fotos e vídeos feitos no local com um pé de mesa na mão. Nas imagens, é possível vê-lo usando o objeto para espancar um torcedor adversário.
Segundo a Polícia Civil, as investigações continuarão para identificar outros envolvidos e os responsáveis por iniciar a confusão, que deixou quatro pessoas hospitalizadas. Diogo Cordeiro da Costa Ferreira, de 29 anos, foi internado e liberado no mesmo dia.
Três torcedores continuavam em unidades de saúde do município até a manhã desta segunda-feira. São eles: Estevão Viana, de 24 anos, Gabriel Ferreira, de 24, e William Batista, de 19 ? este foi transferido para o hospital da Unimed. De acordo com a assessoria de imprensa da unidade, ele sofreu fratura no crânio mas apresenta quadro estável. O rapaz deve ficar em observação por tempo indeterminado até um neurologista avaliar o quadro e determinar os procedimentos que devem ser seguidos. O quadro dele era estável, mas inspirava muitos cuidados até 9h06.
Policiamento
A tenente-coronel da Polícia Militar de Santa Catarina Claudete Lehmkuhl informou que, no momento da briga, não havia policiais militares dentro do estádio. De acordo com ela, o motivo para a ausência de policiamento foi uma determinação do Ministério Público do estado. Segundo Claudete, após a briga entre as torcidas, 160 policiais militares começaram a atuar dentro da Arena Joinville e 20, fora do estádio.
Em nota emitida pela Polícia Militar de Santa Catarina às 22h50 de domingo, a corporação afirmou que "esteve presente na parte externa do estádio durante o evento, atendendo a uma Ação Civil Pública por parte do Ministério Público, que propôs que o Poder Judiciário proíba a participação de policiais militares em atividades que fujam da competência constitucional da corporação".
A nota afirma, ainda, que 113 policiais militares integraram as equipes de policiamento ostensivo (a pé, montado, de carro, motocicletas, helicóptero e resgate médico).
"Dentre esses policiais militares, encontrava-se um efetivo composto pelas Guarnições de Policiamento Tático, inclusive com reforço de cidades vizinhas, pronto para atuar em caso de conflito. Essa atuação deu-se justamente quando começaram os atos de violência entre os torcedores", destacou o texto.
Na noite de domingo, o Ministério Público do estado afirmou que não fez "nenhuma recomendação ou ação que impeça a Polícia Militar de atuar no interior do estádio Arena em Joinville". De acordo com a assessoria de imprensa do MP-SC, uma ação civil pública que pede mudanças estruturais na segurança do estádio foi protocolada no dia 2, mas o Fórum de Joinville não havia aceitado o pedido até a noite de domingo. Ainda segundo a assessoria, a ação não pede que policiais deixem de atuar na Arena Joinville. Além disso, a ação só passaria a ser uma determinação depois de aceita pelo Judiciário.
Até as 7h50 desta segunda-feira, os torcedores Estevão Viana, do Atlético-PR, e Gabriel Ferreira Vital, do Vasco, estavam em observação no pronto-socorro do Hospital Municipal São José. Segundo a chefia de enfermagem, a previsão é que os dois recebam alta ainda nesta segunda, pois todos os exames que eles fizeram não apresentaram alterações.
Investigação
O delegado Isaias Cordeiro afirmou que nos primeiros 10 dias a investigação vai se concentrar para finalizar o inquérito de tentativa de homicídio. A partir disso devem ser abertos novos inquéritos para avaliar responsabilidades e outras questões de condutas.
Nesta segunda-feira foram encaminhados ofícios para torcidas organizadas e outras entidades solicitando nomes de torcedores. Ainda não há informações sobre transferências do presos para outro local.