Três policiais civis de Goiás foram presos, em flagrante, acusados por roubo de Bitcoins – uma quantia equivalente a R$ 994,7 mil. O valor foi transferido por um negociador – investigado anteriormente pela polícia – que contou ter sido sequestrado e sofrido “tortura psicológica”.
Ele relatou que acabou sendo intimidado com “empurrões”, além de ter uma pistola apontada para seu rosto e de receber ameaças de morte, aos gritos.
De acordo com a investigação, o crime ocorreu no sábado (5/2) na região de Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros.
“Desde a primeira hora da primeira denúncia, a corregedoria entrou em ação. Ontem [domingo] bem no início da manhã, já tinha o caso bem desenhado, bem delimitado. [Os policiais] foram alcançados todos, já foram ouvidos. Os policiais serão afastados agora, administrativamente, e vamos aguardar o desfecho das investigações”, disse ao Metrópoles o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás (PCGO), Alexandre Lourenço.
William da Silva Ribeiro, de 40 anos, foi o primeiro preso pela Polícia Militar (PM). De acordo com a ocorrência, no momento do flagrante, ele “assumiu a autoria dos fatos” e disse que seus comparsas “tomaram rumo desconhecido”. Na delegacia, porém, afirmou que vai se manifestar só em juízo.
Também policiais civis, os outros suspeitos são Reges Alan dos Santos, de 32, e Antonnio Henrique Afonso Alves, de 38, e foram presos em seguida.
Vítima foi investigada por golpes
Os policiais civis são investigados por obrigar um homem de 32 a fazer transferência a uma conta bancária por meio de QR Code.
A vítima já foi investigada, em 2017, depois de ser apontada como um dos líderes de esquema de pirâmide financeira com “criptomoedas” – moedas virtuais, como o Bitcoin. Na época, a investigação da Polícia Civil de três estados (PE, MG e CE) e do Distrito Federal apontou que o esquema com Bitcoin pode ter causado prejuízo de mais de R$ 450 milhões a investidores de dez países da América Latina.
Passeio na Chapada dos Veadeiros
No sábado, segundo a investigação que prendeu os policiais civis, o rapaz disse que estava no distrito de São Jorge, na região de Alto Paraíso de Goiás, aonde havia chegado no dia anterior. Ele afirmou que aproveitou para fazer passeios e trilhas.
De acordo com a ocorrência, a vítima contou que viajou para o local com dois amigos, após comprar um terreno na região para construção de um restaurante ou hotel pousada, próximo à GO-239.
No sábado, segundo ocorrência, durante o horário do almoço, eles saíram em uma caminhonete Hillux da pousada em que estavam hospedados. No trajeto de carro, o rapaz e seus amigos foram abordados pelos policiais civis, que estavam em uma Land Rover. Eles descreveram a ação como “truculenta”.
Cassinos no exterior
De acordo com relatos do registro de ocorrência, um dos policiais civis disse ao negociador que sabia da atuação dele “no ramo de cassinos no exterior” e exigiu que a vítima mostrasse todas as contas bancárias cadastradas em seu celular.