Cerca de 1.600 famílias devem ser reassentadas para a conclusão do projeto Lagoas do Norte. De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Washington Bonfim, as obras devem ser iniciadas até o final de 2015. Mas, os moradores que vivem no local há mais de 40 anos, especialmente na avenida Boa Esperança, afirmam que não deixarão suas casas.
Até o momento, segundo o secretário, foram cadastradas 2 mil famílias que vivem em área de risco, nas beiras das lagoas ou em área de preservação permanente, mas apenas 1.600 delas devem deixar suas casas e morar em ou-tros conjuntos habitacionais que serão construídos.
Através do Minha Casa, Minha Vida está prevista a construção de 1.756 unidades habitacionais, dividias em três residenciais. O primeiro deles ficará localizado no Bairro Santa Maria da Codipi e os outros dois próximos à Lagoa dos Oleiros e à Lagoa da Draga.
"Após a definição das famílias que serão reassentadas, vamos apontar os locais para onde elas podem ir. Caso não queiram, elas serão indenizadas. A regra é que elas não se mudem para uma situação pior do a que se tem hoje", explica o secretário.
No dia 28 de novembro do ano passado, uma equipe da prefeitura chegou até a casa da aposentada Vitória Cardoso de Melo, de 67 anos, e colou um selo de cadastramento de imóvel na parte de trás da sua porta. Foi apenas isso que aconteceu, como relata a moradora.
"Só entraram e fizeram isso. Perguntei do que se tratava, mas ninguém me explicou. Falaram que o engenheiro ia me explicar, só que isso nunca aconteceu", lamenta.
Segundo Vitória, a equipe fez outra visita a sua casa, que fica localizada na Avenida Boa Esperança, porém sem dar nenhuma informação a respeito do que aconteceria. "Tudo que sabemos são boatos. Ninguém explica nada.
Mas a informação que seremos desapropriados já chegou, só que não vamos aceitar", comenta a aposentada ao frisar que mora no local há muito tempo, onde criou filhos, netos e bisnetos.
"Disseram que será construído um conjunto onde funcionavam as olarias. Nesse local já houve vários alagamentos e agora querem nos colocar lá", completa.
Com frases pintadas em forma de protesto, moradores mostram que pretendem resistir às desapropriações. A costureira Maria do Socorro está na mesma situação de Vitória.
Ela tem quatro filhos e um neto e disse que vai lutar até o fim pela sua casa. "A gente constrói no maior sacrifício para eles virem aqui e derrubar. Eu não vou admitir isso", diz.
A segunda etapa do projeto Lagoas do Norte, além de interligar mais quatro lagos, será feito também a urbanização em todo o entorno. Também será feita a qualificação do Encontro dos Rios. "Essa será a primeira obra. Vamos melhorar o acesso e integrar o Polo Cerâmico ao Encontro dos Rios.
Outra intervenção será a construção de um complexo do São Joaquim ao Encontro, passando pela Lagoa dos Oleiros e da Piçarreira", declara Washington Bonfim ao acrescentar que até o final de 2017 a avenida Boa Esperança será duplicada.