227 mulheres já passaram pela Casa da Gestante em 2019

Na Casa da Gestante são acolhidas mulheres grávidas com complicações gestacionais de médio e alto risco, mas que não necessitam ficar hospitalizadas

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A Casa da Gestante Bebê e Puérpera de Parnaíba acolheu, nos primeiros seis meses deste ano, 227 mulheres, que receberam assistência durante a gestação e o período pós-parto. Nos quase dois anos de funcionamento, a Casa da Gestante já prestou assistência a quase mil grávidas. O espaço faz parte do programa Rede Cegonha da Secretaria Estadual de Saúde.

Na Casa da Gestante são acolhidas mulheres grávidas com complicações gestacionais de médio e alto risco, mas que não necessitam ficar hospitalizadas. “Aqui as gestantes contam com dez leitos e recebem os cuidados de uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeira, técnico de enfermagem, segurança policial, motorista e médico de sobreaviso, que presta toda a atenção necessária durante 24 horas por dia”, explica Adrízia Fontenele, diretora do Hospital Dirceu Arcoverde.

Além dos cuidados com a gestante, os recém-nascidos que necessitam de uma assistência diferenciada também recebem atendimento nos dez leitos de Cuidados Intermediários Neonatal. “Nós realizamos um atendimento ao bebê que comumente se chama de semi-UTI (Unidade de Terapia Intensiva)”, falou Adrízia Fontenele.

Em 2018, a Casa da Gestante Bebê e Puérpera de Paranaíba prestou atendimento a 578 mulheres e crianças. “Recebemos aqui grávidas e recém-nascidos de toda a região do litoral e até de Estados vizinhos, como Ceará e Maranhão”, falou Adrízia Fontenele.

Além de Parnaíba, o Governo do Piauí, através da Secretaria Estadual de Saúde, oferece essa rede de cuidado às mulheres piauienses na Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, e no Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano.

Criança tem direito a acompanhante assegurado

A criação da Casa da Gestante, Bebê e Puérpera é uma iniciativa que assegura o direito da criança de ter consigo um acompanhante. A afirmação foi proferida pelos pesquisadores Nadjeanny Ingrid Galdino Gomes, Yohanna de Oliveira, Jéssica Vicky Bernardo de Oliveira e Maria da Guia Aciole, durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde.

Segundo eles, é o entendimento de que o direito à saúde possa ser garantido de forma plena que sustenta a decisão institucional de assegurar condições para a presença da mãe junto ao filho. Essa ação tem contribuído para a integralidade na atenção neonatal, pois o cuidado oferecido não se restringe apenas ao recém-nascido, sendo também ampliado para as mães.

A hospitalização de um filho resulta em sofrimento para a mãe, com repercussão familiar. As genitoras deixam de cuidar de si por dedicação a sua prole. A Casa da Gestante abriga mulheres que se encontram na fase de latência do trabalho de parto e residem distante do hospital, até que se encontrem na fase ativa ou até que seja confirmado que não estão em trabalho de parto. Devido ao risco de evolução rápida não prevista do parto, o local propicia um atendimento apropriado às mulheres, como a realização da tocólise e da corticoterapia antenatal, até o momento da sua internação definitiva no hospital, apontam os pesquisadores.

Acolhimento e acompanhamento de gestantes

O Ministério da Saúde (MS) se inspirou na Casa da Gestante Zilda Arns, que foi uma iniciativa pioneira no Brasil, para a criação da Casa da Gestante, Bebê e Puérpera. O Ministério, junto ao programa Rede Cegonha, desenvolveu o projeto para que a Casa da Gestante seja uma unidade de cuidados destinada ao acolhimento e acompanhamento de gestantes que, embora necessitem de atenção em serviços de saúde, não exigem vigilância tão constante como em um ambiente hospitalar.

A Rede Cegonha é uma estratégia do Ministério da Saúde, operacionalizada pelo SUS, fundamentada nos princípios da humanização e assistência, onde mulheres, recém-nascidos e crianças têm direito a ampliação do acesso, acolhimento e melhoria da qualidade do pré-natal, de acordo com Nadjeanny Ingrid Galdino Gomes, Yohanna de Oliveira, Jéssica Vicky Bernardo de Oliveira e Maria da Guia Aciole.

“A humanização torna-se imprescindível, pois busca melhoria na qualidade dos serviços de saúde. Especificamente na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e na casa das mães, a humanização da assistência procura pautar-se no cuidado singular ao recém-nascido e sua família, na integralidade e no respeito à vida”, adiantam.

A Casa foi a solução encontrada para que as mulheres permaneçam na maternidade sem que necessariamente ocupem leitos, assim evitando que outra puérpera ocupe o lugar no alojamento conjunto. Logo traz um suporte para que elas acompanhem seus filhos, que muitas vezes ficam internados por vários meses. Além disso, a instituição tem como encargo a oferta da assistência integral e humanizada à mulher e ao recém-nascido. O trabalho Multiprofissional desenvolvido na Casa da Gestante, bebê e puérpera tem como finalidade a promoção da humanização com o fortalecimento do vínculo da mãe/família com o recém-nascido.

As ações de Alimentação e Nutrição estão inseridas na Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), sendo considerada responsável pela organização da atenção nutricional às gestantes, puérperas e crianças menores de dois anos, que têm como eixo estratégico a promoção da alimentação adequada e saudável.

Casa de Gestante oferece assistência a mães

Rosilene Oliveira, do município de São Bernardo, no Maranhão, desde o dia 26 de fevereiro, vai visitar seu filho Weslley Bruno, que está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Maternidade do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), de Parnaíba (345 km de Teresina). Ele tem, desde que nasceu, complicações respiratórias e, por isso, é traqueostomizado.

Quando chega à UTI, Rosilene Oliveira canta para seu bebê, que fica mais calmo, ela conta os dias para que seu filho possa ter alta e possa voltar para casa e para sua família, em São Bernardo. A mãe conta que fica emocionada a cada vez que entra na UTI e vê seu filho respirando por um tubo ligado à sua garganta. “Eu choro e canto ao mesmo tempo. Fico muito emocionada”, fala Rosilene Oliveira

Com o mesmo carinho que afaga o seu bebê, fica sentada em sua cama na Casa da Gestante, Bebê e Puérpera do Hospital Dirceu Arcoverde, alisando o macacão, as fraldas, as roupas azuis e as outras peças do enxoval, que guarda em uma bolsa esperando o dia da alta médica de seu filho. “É um dia que eu espero com grande ansiedade e sei que será o dia mais feliz de minha vida”, afirma Rosilene Oliveira.

Enquanto Weslley Bruno não recebe a alta médica, Rosilene Oliveira fica hospedada na Casa da Gestante, Bebê e Puérpera do Hospital Dirceu Arcoverde, mantida pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), em Parnaíba. O espaço fornece todo um suporte com hospedagem, refeições e lanches. Há ainda espaço para lavar roupas, para aquelas mães que estão esperando o nascimento de seus filhos, para as que têm gravidez de risco e para as que os filhos nasceram com quadro grave de saúde e que têm que fazer tratamento médico até que fiquem curados e levados para as residências de suas famílias.

Cimara Batista, coordenadora administrativa da Casa da Gestante, Bebê e Puérpera do Hospital Dirceu Arcoverde, afirma que o serviço recebe mães de toda a região litorânea, e, principalmente, de municípios do Maranhão, do Ceará e de outros Estados. Ficam, com frequência, na Casa da Gestante, Bebê e Puérpera do Hospital Dirceu Arcoverde, mães e futuras mães das cidades maranhenses de Araiozes, Magalhães de Almeida, Água Doce, das cidades cearenses de Camocim e Viçosa.

“Recebemos mães de todos os municípios do entorno de Parnaíba”, informa Cimara Batista. Ela fala que quando as mulheres ainda têm que esperar o parto ficam na Casa da Gestante, em vez de voltar para suas casas. “Adotamos essa estratégia, que é, na verdade, uma estratégia da Rede-Cegonha. No Piauí, a Casa da Gestante é mais uma estratégia para dar mais qualidade às gestantes”, afirma Cimara Batista.

Espaço recebe 60 gestantes por mês

Cimara Batista afirma que a Casa da Gestante, Bebê e Puérpera do Hospital Dirceu Arcoverde atende 60 gestantes e paridas (puérperas) por mês. “A gente dá acompanhamento, quando a mulher chega aqui é avaliada imediatamente, nós temos uma técnica de enfermagem plantonista, temos uma enfermeira obstetra, um médico, uma assistente social e temos cinco técnicas de enfermagem”, falou Cimara Batista.

A Casa da Gestante funciona como um anexo do Hospital Dirceu Arcoverde, para dar a assistência integral à mulher. Foi inaugurada no dia 14 de agosto de 2017, atende também as mães que tiveram seus bebês prematuros e tem 20 funcionários, entre médicos, técnicas de enfermagem, enfermeiras, empregados em serviços gerais, assistentes, assistentes sociais e agentes administrativos.

Ana Paula, de 15 anos, está na Casa da Gestante esperando a recuperação de sua Maria Jamile, que nasceu com o intestino para fora do corpo. Ela mora no município de Tutoia, no Maranhão, e tem consciência do estado de saúde de sua filha. Ela disse que sentiu dor durante o final da gravidez e teve um parto complicado. “Foi uma gravidez e um parto complicados. Várias vezes fiquei com medo de que minha filha não sobrevivesse. A minha expectativa é grande. Nem penso mais na possibilidade de que minha filha não venha a sobreviver. Não penso nisso”, adianta Ana Paula, mãe pela primeira vez.

Maria Ieda Soraia de Barros, da cidade de São Bernardo, está na Casa da Gestante e Puérpera, desde o dia 5 de junho, quando nasceu prematuramente seu filho Moisés Pereira, no sétimo mês de gravidez. “No hospital, já peguei meu filho nos braços e dei de mamar. Eu fico muito emocionada, esperando que eu e ele possamos voltar para casa. Seria muito pior se eu não tivesse esse apoio, esse suporte da Casa da Gestante”, comentou, emocionada, Maria Ieda.

Espaço é ponto de apoio para pais do bebê

A Casa da Gestante e Puérpera é muito útil para muitas mulheres, fornece orientação, planejamento familiar, informações sobre gravidez, saúde materna e a oferta de seis refeições. O lavrador Sebastião Odilon do Nascimento Rocha, 36 anos, do município de Joaquim Pires, na região Norte do Piauí, foi para a Casa da Gestante e Puérpera visitar sua esposa, Francisca das Chagas Dissulino dos Santos, de 27 anos, que está acompanhando o filho Elias, de oito dias, que nasceu prematuro. “Eu venho dar apoio para minha mulher”, falou Sebastião Odilon.

Francisca das Chagas afirma que é grata ao apoio dado pela Casa da Gestante e espera o momento de ir para sua residência. “Estamos esperando que ele ganhe peso. Quando atingir o peso ideal, nós vamos para casa”, falou Francisca das Chagas.

Também estão ansiosos Ana Beatriz de Sousa Ozório, de 14 anos, e José Vinícius Araújo da Silva, de 16 anos, do município de Cocal, na região Norte do Estado. Eles estão na Casa da Gestante acompanhando o tratamento médico no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde, do primeiro filho, Ícaro Samuel, que nasceu no dia 18 de junho. Ícaro Samuel nasceu prematuro, de seis meses, com 948 gramas. “Estamos acompanhando cada centímetro e cada grama que ganha. Estamos sempre visitando nosso filho na UTI”, fala Ana Beatriz de Sousa.

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