A Polícia Científica do Paraná entregou nesta segunda-feira (9) ao Ministério Público do Estado (MP-PR) um relatório que mostra novos dados sobre o trabalho da médica Virgínia Soares de Souza, 56, ex-chefe da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, que é acusada de homicídio qualificado e formação de quadrilha pela morte de sete pacientes.
Segundo o relatório, que reúne prontuários de janeiro de 2006 a fevereiro deste ano, dos 346 casos analisados, em 317 deles os pacientes morreram no mesmo dia em que houve prescrição médica de Virgínia Soares.
Para o advogado de defesa, Elias Mattar Assad, o relatório não tem valor científico. "Discordo dessa conclusão, pois não é científica e um conjunto de coisas que não provam é igual à prova nenhuma", afirma.
Sobre a médica Virgínia, recai a acusação de provocar mortes --juntamente com outras sete pessoas também indiciadas pelo MP-- por meio do uso de medicamentos que provocariam paralisações musculares. Os pacientes morreriam por asfixia.
"Em conversa com minha cliente, ela reafirmou que tudo o que foi feito dentro da UTI está compreendido na literatura médica e questionou se, caso tivesse feito algo errado, deixaria essas supostas evidências nos prontuários?", diz.
O caso permanece sendo investigado pelo Núcleo de Repressão a Crimes Contra a Saúde (Nucrisa) e teve início em março do ano passado por meio de denúncias anônimas de pessoas que atuavam na UTI junto à Corregedoria do Estado, que as repassou ao Ministério Público.
Outros 21 casos continuam sendo investigados pela polícia, assim como diretores do hospital nos últimos anos.