O leilão do 5G, promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nesta quinta-feira (4), é aguardado no Piauí para dar continuidade à evolução de diversos setores pelo estado, entre eles o agro, a educação e a medicina. A tecnologia 5G é uma nova geração de comunicação móvel, cuja velocidade é aproximadamente 100 vezes maior que a 4G.
O Piauí investe cada vez mais em tecnologia para promover melhorias em diversos setores. O estado já conta com acesso à banda larga por meio de 5 mil km de fibra ótica, conectando 96 municípios, tudo para trazer melhores resultados em saúde, educação, agro, mineração, entre outros. E a chegada do 5G vai fornecer as ferramentas necessárias para o salto idealizado.
O deputado federal Vitor Lippi (PSDB/SP), que foi relator do Grupo de Trabalho para elaboração do edital do leilão do 5G, destaca que a tecnologia tem uma velocidade maior e tempo de latência (ou atraso) menor que o 4G. Segundo ele, avanços necessários em setores de destaque do Piauí dependem da nova geração de internet móvel.
“O que a gente espera são essas novas funcionalidades naqueles equipamentos que precisam de altíssima velocidade e baixíssima latência. Então, isso vai ser essencial para a mineração, já temos caminhões autônomos nas minas, para a agricultura, onde já temos tratores autônomos. Teremos mais robôs dentro das indústrias e todas essas questões precisam do 5G, necessariamente”, destaca Lippi.
Avanços
O governo do Piauí espera que o 5G facilite ainda mais a telemedicina, que integra os hospitais públicos e permite apoio de diversas especialidades em todas as regiões. Já a tele-educação, tão necessária na pandemia, deve continuar mesmo depois de passada a emergência de saúde, já que a mediação tecnológica levou o ensino técnico a todos os municípios do estado.
Um dos destaques do Piauí, a produção de grãos também vai se beneficiar com a chegada do 5G. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2020/2021 local, com foco nos cultivos de algodão, sorgo, feijão e milho, fechou o ciclo com volume total de aproximadamente 5 milhões de toneladas de grãos. Para a safra 2021/22, o objetivo é usar a nova tecnologia para promover um aumento médio na área de soja na ordem de 7%, muito também por conta da abertura de novas áreas, totalizando quase 900 mil hectares.
No campo, com a tecnologia 5G, além de contar com maquinários autônomos o produtor pode, por exemplo, monitorar as culturas, medir a umidade do solo em tempo real e identificar a necessidade hídrica de uma cultura de grãos, definir parâmetros de irrigação necessários para aquele dia ou para a semana. Essa mudança no processo tende a aumentar ainda mais a produtividade do estado.
A mineração, outro forte que começa a ser explorado no estado, ganha força com a nova tecnologia. No Piauí, os destaques de produção são calcário, ferro, opala, níquel, manganês e diamante.
Indústria e 5G
No setor industrial, a tecnologia 5G deve otimizar os processos e causar uma revolução. Entre os ganhos possíveis estão a melhor adequação do estoque à demanda do mercado, a customização de produtos de forma ágil à necessidade dos clientes, redução de desperdício e consequentemente do custo, aumento da segurança do trabalhador por meio da realização de atividades de risco por máquinas.
Segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Nogueira Calvet, além de uma melhor conexão ao usuário comum, a nova tecnologia deve promover uma revolução no setor de produção.
“É uma tecnologia que veio para revolucionar uma série de coisas. Que vai nos dar uma maior velocidade, um maior tempo de resposta na transmissão de dados. Não é um impacto tão somente para o cidadão. É um impacto, creio eu, até muito maior para as empresas, porque o 5G é uma tecnologia que vai permitir a comunicação não só entre as pessoas, mas, sobretudo, entre máquinas. É máquina conversando com máquina, é máquina conversando com a infraestrutura”, explica.
Já João Emílio, superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, destaca que uma das maiores mudanças diz respeito à igualdade de condições da indústria brasileira no mercado mundial. “Quando falamos em competitividade no cenário internacional, a infraestrutura adequada para o desenvolvimento da indústria 4.0 é condição primordial. Precisamos oferecer as condições básicas para termos um setor produtivo capaz de competir de igual para igual com empresas estrangeiras e ajudar na retomada da economia, na geração de empregos. Daí a importância de o Brasil priorizar e acelerar a implementação do 5G”, comentou.
Leilão
O certame do 5G será não arrecadatório, ou seja, todo o valor será investido em infraestrutura de conectividade e comunicação no país. O Ministério das Comunicações estima que serão R$ 50 bilhões destinados para ampliar a internet móvel e que até 2022 todos os estados já terão a tecnologia disponível.
Primeiro serão atendidas as grandes cidades, depois, as cidades acima de 500 mil habitantes, seguidas pelas de 100 mil, 50 mil e assim por diante, até que todos os municípios brasileiros tenham acesso à nova tecnologia, o que, segundo as previsões, deve ocorrer até julho de 2029.
No leilão, serão ofertadas quatro faixas de frequência: 700 MHz; 2,3 GHz; 26 GHz; e 3,5 GHz. A faixa de 3,5 GHz é a que desperta mais interesse das empresas de telefonia, por exigir menos investimentos para a implantação da tecnologia.
O edital prevê, para cada uma das quatro faixas, exigências que terão que ser cumpridas pelas empresas vencedoras do leilão, como disponibilizar 5G nas capitais do país até julho de 2022, levar internet 4G para as rodovias e a construção de uma rede privativa de comunicação para a administração federal.
Fonte: Brasil 61