As filas de espera de pessoas que precisam de um órgão para transplante no Piauí ainda são bastante grandes. Para diminuir essa aflição e essa espera, uma equipe de profissionais realiza um trabalho diário de procura de órgãos nos hospitais em Teresina.
Mas todo esse esforço ainda encontra uma barreira muito grande nas famílias que resistem a doar os órgãos de seus parentes falecidos. Dados da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplantes (OPO) mostram que hoje essa resistência alcança o percentual de 65%, em Teresina.
O principal problema enfrentado pela equipe é a falta de informação das famílias e o desejo de ter o corpo do seu ente querido íntegro. ?Além disso, eles alegam que não sabiam se a pessoa, em vida, tinha o desejo de doar seus órgãos e preferem optar por não fazer a doação?, disse o vice-coordenador da OPO, João Gilson Cantuário.
Para evitar que isso aconteça, ele aconselha que todas as pessoas que têm o desejo de doar seus órgãos, deixem claro isso para que as famílias não resistam a tomar essa decisão.
Nós costumamos dizer que as famílias não têm o dever de doar os órgãos dos seus parentes. Elas têm o direito de fazer esse ato de solidariedade?, afirmou Gilson. Ele acrescenta que a equipe da OPO não insiste quando a família diz que não quer doar.
?O que nós fazemos é tentar conscientizar as famílias da importância, informamos sobre o que é a doação e como ela acontece, até porque há muita desinformação sobre esse assunto, mas não insistimos, pois acreditamos que isso é um ato de solidariedade e a família não pode se sentir obrigada a doar?, completou o vice-presidente da OPO.
Se a recusa em Teresina chega a 65%, se tivermos como base só o Hospital de Urgência de Teresina, esse percentual é ainda maior. Segundo Gilson, lá, a recusa chega a ultrapassar os 90%.
?Não entendemos essa alta recusa que há no HUT. Mas a verdade é que precisamos de mais ações de conscientização das pessoas. A OPO ainda é nova, só tem três anos, mas já percebemos que houve um avanço.
No caso da doação de córnea, principalmente. Antes a fila durava cerca de seis anos, agora está menos de dois. Nós estamos realizando palestras em escolas e faculdades para conscientizar as pessoas, fazemos panfletagem e vamos continuar com esse trabalho?, encerrou.