Nesta terça-feira (07), em solenidade no Salão Nobre o prefeito Firmino Filho recebeu o resultado do diagnóstico sobre a situação da mulher em Teresina. Pelo levantamento, organizado pela Secretaria Municipal de Políticas Públicas Para Mulheres, alguns fatores tem contribuído para que essa violência continue e, a pesar de 88% das teresinenses já terem ouvido falar muitas vezes sobre a Lei Maria da Penha e mais de 90% revela conhecer o seu caráter de coibir a violência, porém 65,79% das que sofreram violência não procuraram ajuda.
O prefeito de Teresina destacou que a pesquisa é essencial para nortear ações. “ Agora temos um parâmetro para melhor planejar e conduzir ações que rompam com essa situação onde a mulher é vítima, inclusive do mercado de trabalho, pois ficou comprovado que a mulher teresinense estuda mais que o homem, tem qualificação, mas a renda ainda é inferior ao do homem”, destacou.
A pesquisa foi realizada pela pós-doutora em gênero Wânia Pasinato e financiada pelo programa Lagoas do Norte. Ela também conduziu uma avaliação de toda a rede de enfrentamento à violência. Os dados apontam que mulheres com idade entre 15 e 49 anos apresentam melhores níveis educacionais comparativamente aos homens de mesma faixa etária, no entanto, as mulheres ainda ganham 15,5% a menos que os homens. Uma desigualdade preocupante, embora Teresina apresente a menor disparidade salarial entre as capitais do Brasil.
Pelo sistema de notificação compulsória, ou seja, feito pelo sistema de saúde, os autores da violência predominam amigos/conhecidos das vítimas (19,7%). A força física é o meio de coerção mais empregado, que pode ser explicado pela proximidade entre vítima e agressor e a relação de medo e subordinação característica dos relacionamentos abusivos.
Do total pesquisado, 22,11% das mulheres teresinenses sofreram violência psicológica ao longo da vida, 11,22% violência física e 6,35% violência sexual. Mulheres jovens (18 a 29 anos), pardas e sem religião reportam mais violência que os outros grupos, porém a violência sexual é mais denunciada entre mulheres brancas (4,48%), enquanto 2,02% de negras denunciam, o que demonstra uma naturalização maior da violência por parte da população negra, secularmente vítima de racismo e enfrentam mais obstáculo na busca de direitos.
“É um documento importante para contribuir com as políticas de atendimento as mulheres para que possam romper com o ciclo de violência e de distorções econômicas”, enfatiza a secretária da Mulher, Macilane Gomes.
As mulheres também estão mais fora da força de trabalho que os homens: 39% entre as mulheres e 21% entre os homens. A pesquisa apontou que as mulheres nordestinas convivem com a violência desde muito cedo, principalmente a psicológica. É importante lembrar que 77,8% das mulheres de Teresina são negras e pardas. Das mulheres que procuraram ajuda, 15,8% procuraram com amigos e familiares ao invés da ajuda institucional.