Diante da discussão sobre a origem dos produtos agrícolas comercializados na Central de Abastecimento do Piauí (Ceapi), zona Sul de Teresina, foi constatado que mais de 70% da mercadoria vem de outros estados. Essa importação acaba encarecendo no valor final do produto, que dificulta tanto na venda, quanto na compra.
Mesmo a capital possuindo terras férteis na zona rural - o que representa 83% da cidade, e água suficiente para o plantio, pois é banhada por dois rios (Parnaíba e Poti), a produção agrícola ainda é bastante fraca, pois é uma atividade voltada apenas para a subsistência de agricultores familiares.
Segundo Domingos Sousa, feirante da Ceapi, a importação de produtos agrícolas de outros estados se dá pela falta de incentivo das autoridades aos agricultores familiares. “A maior parte dos produtos que eu vendo vem de fora do estado.
Vem da Bahia e do Ceará. Isso ocorre porque aqui no estado e mesmo na capital não tem incentivo à produção rural. As nossas autoridades não têm visão para a agricultura. Não é por causa da seca não, mas sim de iniciativa”, revela.
É o que confirma Raimunda Gomes, feirante da Ceapi, que destaca que a produção agrícola local refletiria, positivamente, no barateamento dos produtos. “No Piauí não se produz quase nada.
Falta apoio dos governantes as pessoas que moram no campo e nas zonas rurais. Se tivessem mais investimentos na produção no estado, os produtos seriam vendidos mais baratos, porque os altos preços na Ceapi são por causa do frete que pagamos”, garante.
Justina Almeida, diretora técnica operacional da Ceapi, também ressalta a necessidade de incentivar os agricultores familiares. “A Ceapi tem comercializado produtos do Ceará, do Maranhão, do Pernambuco. Mas temos produtos oriundos também do Sul do Piauí em torno de 32%.
Se houvesse mais incentivo com certeza a produção local seria bem mais fomentada. Mesmo assim, a gente ainda vê os pequenos produtores no em torno da zona rural de Teresina. Lógico que não é em grande escala, pois é mais voltado à subsistência da agricultura familiar”, esclarece.
Agricultores familiares terão incentivos em Teresina
Para discutir sobre a importação da maior parte dos produtos hortifrutigranjeiros comercializados na Ceapi e os entraves na produção agrícola na zona rural de Teresina, que aconteceu na manhã de segunda-feira (18), na Câmara Municipal, a audiência pública com representantes de órgãos do setor agrícola, como a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), Superintendência de Desenvolvimento Rural do Município, Conab, Emater, Embrapa, Ceapi e outras entidades.
Após a apresentação de programas de incentivo à produção e compra de produtos oriundos da agricultura familiar no estado, foi escolhido o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento do Piauí, para articular com a Ceapi, a compra de produtos locais.
De acordo com Alysson Pêgo, superintendente da Conab do Piauí, a ideia do programa PAA é que os grupos agrícolas passem a produzir além da subsistência, tendo em vista a comercialização.
"A Conab vai organizar a zona rural em grupos produtivos, em associações e em cooperativas onde a gente vai iniciar um mercado institucional para que estas tenham um excedente de produção, comercializando não só à Ceapi, mas também aos supermercados locais. Isso foi a medida apresentada pela Conab, que contará com apoio da Prefeitura de Teresina e o Governo do Estado" explica Alysson Pêgo.
A audiência pública foi proposta pelo Vereador Inácio Carvalho, que solicita a redução da dependência agrícola de Teresina com outros estados. "O intuito dessa audiência pública é, justamente, buscar as razões e as soluções para a baixa produtividade agrícola em Teresina, sendo que 83% de sua área é agricultável.
A maioria dos produtos comercializados na Ceapi vem de outros Estados. Queremos minimizar essa dependência, gerando emprego e renda na própria capital", disse.