Segundo investigações da Polícia Federal, brasileiros envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, pediram refúgio na Argentina, após condenação. No entanto, neste sábado (08), o governo argentino afirmou não ter informações sobre o ocorrido.
Na sexta-feira (07), a PF disse que enviará ao país vizinho um pedido de extradição desses brasileiros. Em entrevista, a ministra de Segurança da Argentina, Patrícia Bullrich, disse ainda não ter recebido o pedido e afirmou que o governo não sabe da entrada de brasileiros foragidos.
"Até agora, não temos nenhuma informação desse tipo. Não temos alerta vermelho sobre essas pessoas", afirmou Bullrich em uma entrevista para a Rádio Mitre, da Argentina.
Na entrevista, a ministra disse que o pedido de extradição, "por enquanto, é uma propaganda" do governo brasileiro.
PROCESSO DE EXTRADIÇÃO
Ao blog do Valdo Cruz, do g1, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou que o pedido deve ser encaminhado na semana que vem.
"Uma coisa é que o Brasil peça [a extradição], outra é que haja já um processo, uma condenação. É difícil pedir extradição se não há uma causa judicial, ou um alerta de algum tipo. Também não temos nenhuma lista [de brasileiros]. Por enquanto, isso se mantém como uma propaganda, mas não em um fato jurídico", disse Bullrich.
Esta foi a primeira manifestação do governo argentino após a PF dizer que iria enviar o pedido de extradição.
Segundo o blog, há dúvidas no governo Lula sobre a possível cooperação do presidente argentino, Javier Milei, que é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas palavras de um assessor direto de Lula, será um teste para a relação entre os dois países.
OPERAÇÃO LESA PÁTRIA
Investigações da operação Lesa Pátria apontam que foragidos dos ataques contra a democracia entraram na Argentina e pediram refúgio naquele país. Desses foragidos, cerca de 65 foram mapeados pelas autoridades argentinas. Nenhum deles passou pelos controles migratórios.
Apurações dão conta de que eles podem ter entrado no país vizinho até mesmo em porta-malas de veículos. Outros entraram caminhando pela ponte na fronteira, ou atravessando o rio Paraná. Todas as fugas ocorreram em 2024.
As investigações vieram à tona após a Polícia Federal fazer uma megaoperação, na semana passada, para prender envolvidos, alguns foragidos, nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 — quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.