Os estados do Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe estão enfrentando a pior seca já registrada desde o ano de 1980. O motivo é a escassez das chuvas e a situação pode piorar, pois o período da estiagem que deveria encerrar no mês de novembro deve se prolongar até janeiro. Em razão disso, a seca pode se alastrar para outras áreas do Brasil.
Os dados são do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão vinculado ao governo federal. Essa avaliação leva em consideração os registros de volume de chuva (em milímetros) de toda a série histórica iniciada em 1980.
No Amazonas, no Acre e na Rondônia, ao todo, cerca de 500 mil pessoas foram afetadas pela seca extrema, com falta de abastecimento. No Amazonas, o governo estadual decretou situação de emergência em quase 60 municípios. A drástica falta de chuvas só agrava a situação dos rios na região, que sofrem com uma seca persistente, trazendo consequências sérias para a população local, como escassez de alimentos e água, além de prejuízos para a navegação. Este cenário tem ligação com um El Niño atípico e o aquecimento global.
O reflexo dessa estiagem recorde é evidente nos rios, que estão com volumes abaixo da média histórica em trechos estratégicos. Rios importantes, como o Negro e o Solimões, que integram e formam rio Amazonas, estão sendo impactados. Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, evidenciam a evolução do impacto da seca nesses rios e no Arquipélago de Anavilhanas entre os dias 2 e 29 de setembro.
Nos últimos dez dias do período analisado, é possível observar uma queda acentuada nos níveis dos rios. Especialistas do Cemaden, como Márcio Moraes, integrante da sala de crise da Região Norte, expressam preocupação com a rapidez dessa diminuição na vazão dos rios, alertando para seus impactos que vão desde problemas na agricultura até o desabastecimento e a geração de energia na região.
Essa seca fora do comum está associada à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño, que é o aquecimento do oceano Pacífico, e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. Há oito anos, quando a região também enfrentou a pior estiagem, houve a interferência do El Niño.