Embora o Brasil possua uma rede de 23,6 mil estações para monitorar seus rios, dados alarmantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que apenas 15% delas operam em tempo real. Isso significa que 85% não fornecem informações instantâneas sobre os níveis dos rios, vazões e precipitações.
Importância:
Esses dados são cruciais para a prevenção de inundações, secas e outros desastres. O Relatório do Estado do Clima para América Latina e Caribe, publicado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM ou WMO, na sigla em inglês), ressalta a importância de mais investimentos em serviços meteorológicos e hidrológicos.
O documento publicado no dia 8 de maio visa reforçar as previsões e os alerta antecipados, em especial, devido a rápida intensificação dos eventos extremos.
“Os alertas antecipados são essenciais para prever e mitigar os efeitos de eventos extremos”, destacado no prefácio do relatório pela professora Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.
“Essa seria mais uma medida de adaptação, porque o desastre gerado por extremos precisa de informação meteorológica e de previsão. Tudo isso é feito com dias de antecedência, não é feito no dia anterior”, explica o climatologista Jose Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
A maioria (85%) depende de coleta manual de dados pelos especialistas antes da Defesa Civil emitir o alerta, o que gera atrasos na disponibilidade das informações. Áreas remotas e de difícil acesso podem não ter estações de monitoramento, criando "pontos cegos" que impedem a avaliação precisa da situação em todo o território nacional.
DESASTRES EXTREMOS
As inundações se consolidam como um dos principais desastres naturais que assolam o Brasil, causando impactos devastadores à população e ao meio ambiente. Em 2023, o Cemaden emitiu 3.425 alertas, sendo mais da metade relacionados a eventos hidrológicos, como transbordamentos de rios.
Conforme a Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo monitoramento de chuvas e rios, mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por cheias e 7 milhões por seca em 2022, números que ilustram a magnitude dos impactos causados. A agência informou que um dos maiores problemas enfrentados são restrições orçamentárias.
O governo federal anunciou, nesta quarta-feira (22), o desbloqueio de parte do orçamento de 2024 para ações de combate a esses desastres naturais. A ANA informou que uma reunião será realizada para determinar a alocação desses recursos, porém que ainda não há data definida.
O QUE DIZ O CEMADEN?
No dia 13 deste mês, o Cemaden informou que, atualmente, está trabalhando para expandir o sistema de monitoramento de desastres e já ampliou de 1.038 para 1.133 municípios. O plano de expansão foi incluído no Novo PAC do governo federal para receber R$ 50 milhões em investimentos.