Qual o poder de um belo sorriso? Além garantir a boa impressão quando o assunto é relacionamento ou até emprego, dentes bonitos e bem tratados revelam uma pessoa saudável. A boca não pode ser dissociada do restante do organismo e dela também depende a saúde do corpo.
Como explica o dentista Gustavo Veras, as bactérias que existem na boca podem conviver de forma harmoniosa com o organismo, desde a limpeza bucal seja feita regularmente e da maneira adequada.
Por outro lado, se essas orientações não forem seguidas, os micróbios podem causar sérias doenças, como a endocardite, que causa inflamação nas válvulas cardíacas. ?As bactérias entram na corrente sanguínea através de defeitos das veias, provocando a infecção?, explica Gustavo Veras.
Outro problema que afeta a dentição e pode refletir no restante do corpo é a Disfunção Crânio-Mandibular. Os principais sintomas são dores de cabeça, nos músculos da face e no ouvido. Problemas na mastigação também podem ser diagnosticados, assim como dores musculares no pescoço e nas costas. ?Quando isso acontece, geralmente as pessoas buscam o profissional errado, como neorologistas ou otorrinolaringologistas, por não imaginarem que a doença é um caso de saúde bucal?, disse o dentista.
As consequência são dores crônicas, além de úlcera ou gastrite, devido a mastigação inadequada. ?Isso é cada vez mais comum, principalmente nas crianças. Todos esses problemas causam estresse e as pessoas nem sabem qual o motivo realmente?, disse Veras.
Além disso, ainda existem as doenças que afetam somente a saúde bucal. Perdendo apenas para a cárie, a periodontite é a segunda maior causa de perda dentária. Ela age na gengiva e faz o dente perder a sustentação. É uma doença silenciosa, pois não causa dores.
Um problema que afeta jovens e idosos
Embora a população idosa seja a que mais sofre com perda dentária, os jovens também podem passar pelo mesmo transtorno se não cuidarem bem da saúde bucal. Leonel Soares, por exemplo, tem apenas 14 anos e terá que passar por um tratamento que custa mais de R$ 3 mil reais. Aí estão inclusas restaurações, a recuperação de um dente quebrado e um canal.
A família do adolescente já esperava que ele tivesse esses problemas, mas não imaginava que fosse tão cedo. Desde criança, Leonel se recusava a escovar e resistia em ir ao dentista. ?Isso sempre foi motivo de briga lá em casa. Meu irmão passava só o creme dental e fingia que tinha escovado. Uma vez estava na cadeira do dentista e fugiu?, conta Carolina Soares.
Parece absurdo que um jovem já necessite de tantas correções dentárias, mas pesquisas mostram que os brasileiros ainda não consideram a saúde bucal como prioridade.
Aproximadamente 14% dos adolescentes nunca foram ao dentista e 30% dos que fizeram essa visita, sentiam dor. O mesmo estudo indica que as crianças com 12 anos tem média superior a três cáries por pessoa. Entre os idosos, esse índice dobra.
O dentista Gustavo Veras atribui esse fato a uma questão cultural. ?A população mais idosa ainda sofre bastante com falta de dente. E eles preferem tirar para usarem prótese. Temos um trabalho enorme de convencimento porque nosso intuito é manter a dentição original?, disse o especialista.
Essa escolha explica-se principalmente por relações financeiras. Extrair os dentes e colocar uma prótese é mais barato do que tratar e restaurar. Nessa mesma lógica, a prótese móvel é preferida porque implantar nova dentição é mais caro. A população não considera, entretanto, que a parte preventiva é ainda melhor de que a curativa, tanto financeiramente quanto em relação à saúde.